quinta-feira, julho 29, 2010

Antártica? Ali ao lado.

Antártica? Ali ao lado.

Mudanças no ambiente antártico influenciam o Brasil muito mais do que imaginamos. Estudos recentes mostram que fenômenos que ocorrem no continente gelado afetam processos de desertificação e formação de ciclones na América do Sul.
Por: Isabela Fraga - Publicado em 29/07/2010 – Ciência Hoje
Região da península antártica, onde mais tem se registrado aumento de temperatura nos últimos anos (foto: flickr.com/mschutt - CC BY-NC-SA 2.0)
Sim, o Brasil é um país tropical e bonito por natureza. Mas não é só porque temos um longo verão na maior parte de nosso território que devemos esquecer o frio que vem lá de baixo.
Os processos ambientais na Antártica têm grande influência no clima e na biodiversidade dos oceanos brasileiros, lembram um glaciólogo, uma oceanógrafa e um geofísico em simpósio da reunião anual da SBPC, que acontece esta semana em Natal. O objetivo das apresentações era desmistificar a ideia de que a Antártica está longe e não tem relações diretas com o Brasil.
Algumas cidades do Sul ficam mais perto da Antártica do que da Amazônia
Não por acaso: parte do Sul do país fica mais perto do continente gelado do que da própria Amazônia. “A distância da estação brasileira na Antártica até Chuíé de 3.172 km”, explica Jefferson Simões, o primeiro glaciólogo brasileiro, à CH On-line. “De Chuí a Porto Velho, em Roraima, são 4.177 km!”
Simões relata ainda outro fato curioso para comprovar como a Antártica é nossa vizinha. Cerca de três vezes ao ano, uma massa de ar frio vinda desse continente adentra o território brasileiro e causa uma queda brusca de temperatura no Acre, a mais de seis mil quilômetros de distância do seu ponto de origem.
Mudanças lá, reflexos aqui

O geofísico Heitor Evangelista, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apresentou resultados de estudos que comprovam a influência das variabilidades climáticas e glaciais da Antártica na América do Sul.
Um desses estudos analisou a concentração de metais nos últimos séculos da península antártica.
Descobriu-se que a concentração de alumínio nessa região mais que dobrou durante o século 20. Esse dado coincide, segundo os cientistas, com o aumento de um grau na temperatura média do hemisfério sul: um padrão que tem paralelo com a desertificação na Patagônia e no norte da Argentina.
NO MAPA: Embora não pareça, o município de Chuí (em lilás) fica mais perto da base brasileira na Antártica (em vermelho) do que de Porto Velho, em Roraima (reprodução/Google Maps).
Já outro estudo aponta que a quantidade de gelo na Antártica está ligada à formação de ciclones na América do Sul. No verão, quando há menos gelo, a formação de ciclones no continente americano é menor, e vice-versa.
Os motivos por trás dessas ligações, no entanto, ainda são desconhecidos. “De que forma acontecem essas correlações ainda é uma questão em aberto”, explica Evangelista.
Já oceanógrafa Lúcia de Siqueira Campos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas, apresentou o intercâmbio entre a incrível biodiversidade dos oceanos antárticos e o ecossistema marinho da América do Sul.
Essas trocas, segundo ela, podem estar ameaçadas por causa do aquecimento acelerado da península antártica. Cabe aos cientistas investigar de que forma essa mudança de temperatura no continente pode transformar os mares dali – e, quiçá, também os brasileiros. Isabela Fraga - Ciência Hoje / RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters