sexta-feira, outubro 08, 2010

Defesa lenta

Defesa lenta
EDITORIAL: FOLHA DE SÃO PAULO
Forças Armadas, que devem participar de missão da ONU no Oriente Médio, ainda esperam governo decidir sobre compra de caças
No momento em que adquire mais peso e candidata-se a assumir novas responsabilidades no cenário internacional, faz sentido o Brasil ampliar sua presença em iniciativas de manutenção de paz patrocinadas pela ONU.
É nesse contexto que devem ser observadas as tratativas para que oficiais brasileiros assumam uma posição de destaque na Unifil, missão que atua no sul do Líbano.
É também nesse quadro que se inscrevem as negociações lideradas pelo governo federal com vistas a dotar as Forças Armadas de melhores condições para exercer sua função de defesa nacional.
No primeiro caso, conforme revelou a Folha, já existe um pré-acordo, ainda a ser apreciado pelo Congresso, para o Brasil assumir o comando da força naval da Unifil, atualmente a cargo da Itália.
Num segundo estágio, o país enviaria até 300 homens para a missão, que hoje dispõe de 11.449 soldados de 31 países.
Se confirmado, esse seria o segundo contingente militar no exterior mais significativo do Brasil, atrás dos cerca de 2.000 militares atualmente no Haiti.
A tarefa não é trivial. A Unifil, criada em 1978, tem como objetivo evitar confrontos entre o Exército de Israel e militantes do Hizbollah, milícia extremista que não aceita o Estado judaico. Desde que foi criada, a missão não conseguiu impedir a eclosão de dois grandes conflitos, o mais recente em 2006.
Participar dessa força é uma forma mais eficaz de o Brasil estar presente no Oriente Médio do que por meio de investidas diplomáticas vistosas, mas desvinculadas dos interesses objetivos do país.
Quanto ao reaparelhamento das Forças Armadas, deve se nortear pelo intuito de dotá-las de efetivo poder de dissuasão, capacidade de monitorar o território (e os mares), mais mobilidade e melhores condições para atuar nas fronteiras. É o que o governo afirma ter como meta, além da vontade de adquirir tecnologia em compras de armamento do exterior.
Indefinições quanto a isso, aliás, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, são o fator a retardar a aquisição de 36 caças de fabricantes estrangeiros que disputam um negócio que pode chegar a R$ 16 bilhões -pouco mais de 25% do orçamento do ministério para este ano.
A julgar pela lentidão governamental, o aumento da capacidade de defesa do país não tem nenhuma pressa. A decisão sobre os caças arrasta-se desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso. Cercado de névoas e marcado por idas e vindas, o processo de compra transformou-se, como disse o ministro, numa "chorumela".
Agora, o presidente Lula, segundo Jobim, pretende consultar seu sucessor para decidir -o que só aumenta as expectativas de um novo adiamento.

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