quinta-feira, outubro 07, 2010
Oposição ironiza apoio de Ciro à candidata petista
Oposição ironiza apoio de Ciro à candidata petista
Adriana Vasconcelos - O GLOBO
Roberto Freire, ex-aliado, considera o fato como "insensato"
BRASÍLIA. A oposição comemorava ontem a indicação do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) para ser um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff.
Para o presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP), que defendeu a candidatura presidencial de Ciro em 2002, o deputado, conhecido pelo seu destempero verbal, poderá atrapalhar mais do que ajudar.
Coisa meio insensata. Ciro vai coordenar um ajuntamento de assaltantes? Pois é assim que ele se referiu ao PMDB. Como fica o PMDB nisso? O Ciro tem dificuldades para coordenar a própria campanha, imagine a dos outros. Posso falar por experiência própria, quando fizemos a campanha de 2002 lembrou Freire, no encontro dos aliados de José Serra, em Brasília.
O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC) foi outro que ironizou a escolha de Ciro: Ciro vai espanar o PMDB.
Gostei muito da indicação.
Sem esconder a mágoa do antigo aliado cearense, que na campanha deste ano ajudou o governo Lula a lhe impor a derrota no Ceará, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) evitou comentários.
Mas Ciro foi o assunto dos bastidores no encontro da oposição, com governadores, senadores e deputados eleitos.
Escolha de Ciro desagrada ao PMDB
Maria Lima - O GLOBO
Partido foi xingado pelo deputado que virou coordenador da campanha de Dilma; peemedebistas cobram mais participação
BRASÍLIA. O PMDB do vice na chapa governista, Michel Temer, não quer esperar a eventual vitória de Dilma Rousseff para saber qual o tamanho de sua fatia na divisão do poder. A petista já começou a administrar o clima de insatisfação geral no PMDB.
Ela mesma conversou ontem com o ex-ministro e candidato derrotado ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima, que ameaçava dissidência e marcou evento em Salvador, na sexta-feira, para lançar a campanha do segundo turno em favor da petista.
Outro fator que motivou a cobrança do PMDB foi a indicação do deputado Ciro Gomes (PSBCE) para ser um dos quatro coordenadores da campanha de Dilma Rousseff. Causou mal-estar dentro do PMDB e foi motivo até de chacota nas reuniões reservadas do PMDB ontem.
Integrantes da cúpula do partido avaliaram que Ciro tem um discurso muito radical, especialmente contra o PMDB ele já chamou Temer de chefe de um ajuntamento de assaltantes, e que pode não atrair mais apoios, e sim afastar pessoas.
Lembraram que o PMDB foi alvo de pesados ataques do deputado.
Em várias ocasiões, Ciro chamou o PMDB de quadrilha e disse que a prática do partido é a da frouxidão moral.
Os peemedebistas viram no gesto uma escolha pessoal de Lula, para agradar ao governador reeleito do Ceará, Cid Gomes, e ainda ao governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB.
O ex-governador Moreira Franco procurou contemporizar a reação a Ciro no PMDB: Ele foi indicado coordenador.
O PMDB, na sua maioria, apoia a indicação. Não há restrições significativas.
Mesmo assim, o PMDB prometeu engajamento, mas quer contrapartidas. Em reunião num hotel de Brasília, Michel Temer liderou ontem um ato de demonstração de força com cerca de cem lideranças expressivas. E o recado foi claro: o PT terá que abrir espaço para que o vice e o partido tenham visibilidade, inclusive na TV. E a cúpula do PMDB quer deixar amarrado um entendimento sobre a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado em fevereiro.
Em discurso, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), foi o porta-voz da insatisfação.
Batendo no peito e em tom exaltado, disse que chegou a hora da verdade.
Não aceitamos essa história de eleição para um partido só ganhar. O PT é um grande partido, mas ou ganhamos juntos ou não ganha ninguém conclamou o líder peemedebista.
Eu me mantive discreto no momento em que não se exigia muito a minha presença, não sei se por erro da coordenação.
Mas eu disse para Dilma que queremos uma participação mais efetiva discursou Temer.
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