quinta-feira, outubro 07, 2010
Lula discute mudanças com Dilma
Lula discute mudanças com Dilma
Presidente quer a candidata menos presa ao marketing
Gerson Camarotti e Luiza Damé – O Globo
BRASÍLIA. Além dos acertos e acordos para reativar a militância e os aliados pelos estados, o presidente Lula orientou a candidata Dilma Rousseff a fazer também ajustes em sua imagem, sendo mais espontânea e menos presa ao marketing.
O assunto fez parte da longa conversa entre Dilma e Lula, na noite de terça-feira, no Palácio da Alvorada.
A necessidade de mudança na imagem, no discurso e na agenda da candidata foi reforçada por um novo alerta que chegou ontem ao comitê petista: pesquisa interna indica que a vantagem de Dilma em relação ao adversário José Serra seria de dez pontos percentuais, o que é considerado uma zona de risco.
Mesmo assim, as novas sugestões estão longe de um consenso e apontam para um impasse dentro do comitê de Dilma.
As mudanças na campanha voltaram a ser discutidas ontem pela manhã em novas reuniões da coordenação.
— Foi montado um aparato em torno da Dilma. É preciso tirar isso da candidata.
Deixar ela ter mais contato com o povo — afirmou o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Mesmo assim, o núcleo duro petista resiste à ideia de deixar Dilma solta. Na cúpula do partido, a avaliação é que foi acertada a estratégia de blindar Dilma e limitar as suas falas.
— Não acho que teve erro neste primeiro turno. A Dilma tinha 7% e o Serra tinha 45%. O resultado foi uma vitória.
Agora, na reta final, teve o fator Marina que surpreendeu a todos, quebrando a polarização — reage o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
— Foi muito bom ter ocorrido o segundo turno. Vai permitir que as pessoas entendam que está em discussão o futuro do país e que tipo de concepção será preciso escolher com suas virtudes e defeitos: de um lado, o de Fernando Henrique, representado por Serra, e o projeto de Lula, representado por Dilma — disse o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que passou a integrar a coordenação de campanha.
Após sair de uma reunião com Lula, ontem, sobre as cheias no Nordeste, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) apontou outra estratégia: ampliar os votos de Dilma no Nordeste: — Com certeza ela irá mais para o Nordeste, para colocar o voto dela no nosso padrão de voto. É lá que podemos conquistar votos da Marina.
Ficou decidido nas reuniões que Dilma precisa sair da agenda negativa sobre a legalização do aborto. Tanto que ontem ela já se negou a falar sobre o assunto. Setores do PT ligados às igrejas estão preocupados com o fato de esses temas ganharem, a cada dia, uma conotação fortemente religiosa, o que é considerado perigoso na política. Em reunião esta semana com o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, parlamentares evangélicos manifestaram essa preocupação.
Membro da Igreja Batista, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), eleito senador, defende que temas religiosos têm de ser debatidos no Congresso, e não pelo governo ou pela campanha.
— A minha fé é anterior ao meu ingresso na política, mas, como parlamentar, eu defendo os interesses da sociedade e não da minha Igreja — disse Pinheiro.
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