quinta-feira, abril 29, 2010

O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu aumentar em 0,75 ponto percentual o juro básico, para 9,5% ao ano. É a primeira alta em 19 meses.

BC AUMENTA JUROS APÓS 19 MESES
Risco para 2011 faz BC impor alta mais forte, diz analista
EDUARDO RODRIGUES - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA - Folha de S. Paulo - 29/04/2010

O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu aumentar em 0,75 ponto percentual o juro básico, para 9,5% ao ano. É a primeira alta em 19 meses. O Brasil continua tendo os maiores juros reais do mundo. Com a alta na taxa, o real deverá se valorizar ainda mais diante do dólar. Desde março, as projeções de mercado para a inflação têm sido revisadas para cima.
 Copom afirma que elevou Selic para recolocar inflação na trajetória da meta Decisão de forma unânime do colegiado encerra sequência de nove meses de estabilidade da taxa básica de juros em 8,75%
Para conter um possível superaquecimento da economia após a crise e suas consequências inflacionárias, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu aumentar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros, para 9,5% ao ano.A menos de cinco meses das eleições, a decisão unânime do colegiado alterou uma sequência de nove meses de estabilidade da Selic em 8,75%. Conforme nota divulgada após a reunião, a alta na taxa ocorreu "para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".Apesar da aposta do mercado em uma elevação já na reunião de março, o comitê optou por manter a Selic inalterada na ocasião. Naquele momento, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ainda postulava uma eventual candidatura nas eleições deste ano.No entanto, a decisão indicou uma mudança na tendência do colegiado, uma vez que cinco membros votaram pela manutenção e os outros três defenderam um aumento de 0,5 ponto percentual. A demora em aumentar os juros, porém, pode ter forçado o Copom a tomar uma medida mais dura na reunião de ontem. Desde março, as projeções de mercado para os índices de inflação tanto de 2010 como de 2011 foram revisadas para cima. Segundo a Folha publicou nesta semana, Meirelles disse ao presidente Lula que agora seria necessária uma "paulada" para subir os juros.Nos últimos 12 meses, a inflação já bate na casa dos 5,1%, acima do centro da meta oficial de 4,5%. No seu último relatório trimestral, o próprio BC recalculou sua projeção para o índice de preços neste ano, subindo de 4,6% para 5,2%."O Copom vê o cenário de 2011 com mais preocupação do que havia nos meses anteriores. Por isso há a opção de um começo mais rigoroso no ciclo de alta", diz Bernardo Wjuniski, economista da Tendências.A Selic retornou ao patamar mais alto desde junho do ano passado, quando o Copom reduziu os juros de 10,25% para 9,25% ao ano. De acordo com a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo BC com mais de uma centena de analistas financeiros, a taxa deve chegar a 11,75% até o fim de 2010, o que seria suficiente para segurar a inflação perto da meta dentro do horizonte relevante -prazo a partir de 12 meses à frente das decisões do comitê.
Alta de 0,75 em 2008
O conselho havia elevado a Selic pela última vez em setembro de 2008 (também em 0,75 ponto), quando a velocidade de crescimento da economia atingia o seu auge, em torno de 6%, o mesmo previsto para 2010.
Naquele mesmo mês, a explosão da crise financeira internacional começou a atingir inclusive a economia brasileira, ajudando a frear o ímpeto de expansão da demanda.Com as pressões inflacionárias afastadas, mas com risco de estagnação, o governo então precisou estimular o consumo com reduções de tributos, liberação de compulsórios e queda nos juros. Tanto que, entre janeiro e julho do ano passado, o Copom cortou em cinco pontos a Selic, que despencou de 13,75% para 8,75%, o menor patamar da história, e desde então manteve-se inalterada.Agora, no entanto, a recuperação da economia em um ritmo mais veloz do que o esperado acendeu a luz amarela na autoridade monetária, uma vez que o consumo acelerado das famílias começou, segundo avaliação do BC, a entrar em descompasso com a capacidade do país de produzir bens e serviços para atender a demanda.Mas o aumento dos juros agora como remédio para esse cenário não é consenso na equipe econômica. O ministro Guido Mantega (Fazenda) por diversas vezes rechaçou a hipótese de superaquecimento.

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