segunda-feira, maio 10, 2010

A nova chance do Rio

A nova chance do Rio
A decisão da prefeitura do Rio de propor ao Comitê Olímpico Internacional (COI) a transferência, da Barra da Tijuca para a Zona Portuária, de parte das instalações esportivas e de apoio dos Jogos Olímpicos de 2016 é passo necessário para adequar o impacto da competição às necessidades urbanísticas da cidade. Tal movimento procura retomar o que deveria ter sido o viés original do projeto olímpico — qual seja, se não centrar as intervenções urbanísticas no Porto, ao menos destinar boa parte delas a essa área, vital para o desenvolvimento socioeconômico do município.
Move a prefeitura um princípio que há de contar com o apoio de todos os setores da sociedade e, espera-se, sensibilizar a entidade responsável pela organização dos Jogos: reforçar o legado econômico, social, habitacional e de infraestrutura que as Olimpíadas de 2016 deixarão para o Rio. Historicamente, a conquista do direito de sediar essa competição — à parte o sentimento de orgulho por promover o mais importante evento esportivo do mundo — é acompanhada de volumosos investimentos e de um grande esforço que se traduzem em benefícios para a cidadesede. Foi assim, por exemplo, em Sydney, Tóquio, Atenas e, principalmente, Barcelona, cujo projeto olímpico recuperou uma grande área urbana degradada.
Dirigir o eixo de investimentos e intervenções urbanísticas para a Barra não é condenável, evidentemente.
Mas houve com certeza um equívoco numa proposta que concentra praticamente todo o projeto nessa região, deixando a Zona Portuária de fora do grande esforço que será despendido e dos benefícios resultantes das ações a serem empreendidas para viabilizar as Olimpíadas. O Porto constitui área com amplos terrenos disponíveis e cuja legislação foi recentemente modificada para permitir a construção de prédios de até 50 andares.
O oxigênio olímpico viria ao encontro de uma intervenção urbanística já em curso, que pretende revitalizar toda a Zona Portuária a partir do projeto Porto Maravilha. Destinar à área um bom naco dos dividendos dos Jogos de 2016 é, portanto, providência fundamental para o futuro da cidade, que procura recuperar uma região degradada, mas de grande potencial econômico, habitacional e de lazer.
A proposta que a prefeitura apresentará ao COI nos dias 16 e 17 deste mês, através do projeto Porto Olímpico, prevê o aproveitamento de terrenos localizados na Avenida Francisco Bicalho e arredores, com a construção de uma Vila da Mídia e de dois centros de mídia para hospedar e atender jornalistas de todo o mundo. Inclui também a mudança de local de algumas provas, que, previstas para o Riocentro, seriam realizadas em galpões no Porto e na Cidade do Samba. Além disso, foi encomendada a representantes do mercado imobiliário uma análise de viabilidade econômica de comercialização, após os Jogos, das unidades habitacionais construídas para receber atletas e profissionais da imprensa.
As Olimpíadas são uma oportunidade histórica de o Rio corrigir equívocos urbanísticos e abrir horizontes socioeconômicos. A proposta de correção de rumo da prefeitura amplia essa chance de ouro. Em torno dela, devem mobilizar-se todos os setores interessados no crescimento e no futuro da cidade.
O Globo - 07/05/2010

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