domingo, maio 09, 2010

Riscos da ‘Pílula do Amor’

Riscos da ‘Pílula do Amor’
Disseminação do uso de Viagra por jovens preocupa especialistas. Consumo regular da droga pode causar dependência emocional
POR CLARISSA MELLO
Rio - Uma farra perigosa. Curiosidade, vontade de melhorar o desempenho sexual e insegurança têm aumentado o consumo de Viagra por homens com menos de 30 anos. Especialistas alertam: o uso desenfreado desse tipo de medicamento pode causar dependência emocional, dificuldade de ereção, falta de amadurecimento sexual e até prianismo (ereção persistente por mais de 4 horas que causa dor). Ao contrário do que muitos pensam, a famosa ‘Droga do Amor’ não é recreativa e nunca deve ser usada sem orientação médica. Mesmo assim, em boates e clubes noturnos não é difícil encontrar rapazes ingerindo um verdadeiro coquetel ‘turbinado’: vodca, energético, ecstasy ou cocaína e Viagra.  “As pessoas jovens acham que vão ter uma superereção e um superprazer, por isso utilizam o Viagra. Mas isso não é verdade. A ereção do jovem já é excelente, então não faz muita diferença”, explica o chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Roberto Campos. O médico ressalta que, quando o jovem ‘falha’, não é por causas orgânicas. De acordo com ele, 99% dos homens com menos de 30 anos com disfunção erétil têm problemas emocionais.  “Ansiedade, estresse profissional, pressão por um bom desempenho e até medo do que a parceira vai achar fazem com que o jovem tenha dificuldades no início da vida sexual. Mas isso não deve ser resolvido com medicamentos”, diz. Já o diretor do Centro Especializado em Cirurgias Minimamente Invasivas, Arnaldo Cividanes, acredita que a liberdade sexual feminina possa intimidar o homem, que acaba buscando segurança nas promessas da pílula azul. “O Viagra não é afrodisíaco. Ele não aumenta a libido, não aumenta o tesão e nem potencializa o orgasmo”, explica o profissional. Segundo ele, se o homem estiver inibido, desestruturado e emocionalmente abalado, o Viagra tem o mesmo efeito de um comprimido de farinha. “Ele tem o poder de aumentar o vigor e a duração da ereção, mas não é capaz de provocá-la”, conclui Cividanes.
‘Às vezes, nem o Viagra funciona’ Segundo Roberto Campos, para ter uma relação sexual plena, é necessário que o jovem esteja inteiramente envolvido com a parceira. “Geralmente, quando não há esse envolvimento, a insegurança gera a falta de concentração e o jovem pode falhar”, explica. O especialista afirma que o tratamento da disfunção erétil causada por problemas emocionais é multidisciplinar. “O tratamento baseia-se em recuperar a confiança desse jovem. Isso é feito a curto prazo, com acompanhamento de urologista e terapia. Não é necessário o uso de medicamentos”, diz o médico.  De acordo com ele, o Viagra causa dependência emocional a partir do momento que o jovem pensa que só é capaz de conseguir uma ereção com o uso do medicamento. “Quando a ansiedade é muita, nem com Viagra o homem consegue a ereção. E então ele pensa: ‘nem com Viagra consigo’. É muito pior”, acredita.

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