sábado, novembro 06, 2010

Por que só agora?

Por que só agora?
Adriana Vasconcelos – O Globo
Mal as urnas foram abertas e os últimos candidatos tiveram suas vitórias anunciadas para o eleitor perceber que a vida poderá ser bem diferente da prometida durante a campanha eleitoral.
É essa a sensação que um grande número de brasileiros teve ao ouvir a presidente eleita Dilma Rousseff anunciar que alguns governadores já se articulavam para encontrar uma nova fonte de financiamento da saúde.
Em outra palavras, isso significa a volta do velho imposto sobre movimentações financeiras: a antiga CPMF ou a nova CSS, como propõe proposta em tramitação na Câmara dos Deputados.
Ainda que fazendo uma ressalva de que preferia não adotar nenhuma medida que significasse aumento da carga tributária, a nova presidente deu a senha para que a iniciativa fosse encampada por seus aliados.
E foi exatamente o que fizeram ontem os governadores do PSB.
O curioso é que em suas campanhas eleitorais, esses mesmos candidatos a governador em qualquer momento mencionaram essa hipótese de ressuscitar a antiga CPMF e impor aos contribuintes mais uma facada no bolso.
Tampouco a candidata do PT à Presidência cogitou essa alternativa.
Pelo contrário, colocou-se contra o aumento da já altíssima carga tributária imposta aos brasileiros.
Só resta agora aos milhões de eleitores que garantiram a eleição da primeira mulher presidente da República no Brasil perguntar: por que só agora o assunto entrou em discussão?
Será porque a próxima eleição agora está longe e o desgaste com uma medida impopular como esta não terá, neste momento, poder de comprometer a vitória de nenhum candidato da base governista? Possivelmente, sim.
Aí eu pergunto: E o eleitor, o que tem a dizer sobre isso?
Embora os brasileiros costumem ter memória curta, o fato é que a CPMF nunca foi integralmente aplicada na saúde e na época em que estava em vigor os serviços prestados aos cidadão era tão ruim como o atual.
Há ainda quem argumente que o fim da CPMF não foi sentido pelos consumidores e que nenhum produto teve seu custo reduzido desde 2007, quando o Senado derrubou a prorrogação da cobrança deste tributo.
Mas também é fato que a arrecadação federal aumentou depois do fim da cobrança da CPMF.
Agora, não nos resta nada mais a não se esperar para ver aonde essa discussão deflagrada agora vai chegar.

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