domingo, junho 26, 2011

O perigo da guerra bacteriológica - Lázaro Guimarães

O perigo da guerra bacteriológica - Lázaro Guimarães
A rápida propagação da grave enfermidade causada pela bactéria e-coli nas últimas semanas, na Europa e nos Estados Unidos, com mais de 30 casos fatais, revela claramente a característica principal da sociedade do risco, sistema social decorrente das deformações da sociedade de massa: as ameaças à vida e à integridade do ser humano ganham contornos globais, já não afetam áreas específicas, mas se espalham rapidamente pelos continentes.
Os alemães atribuíram, apressadamente, como depois reconheceram, aos pepinos oriundos da região de Andaluzia, na Espanha, a origem da epidemia, que apresentou os primeiros sinais na cidade portuária de Hamburgo, onde milhares de pessoas sofreram de diarreias seguidas de lesões nos rins, com registro de 22 mortes, nas duas primeiras semanas.
Mais tarde, os exames bacteriológicos indicaram o alojamento de cepas transformadas da bactéria e-coli em brotos de feijão como a possível causa da doença, mas já se travava virulenta batalha verbal entre os governantes europeus acerca da responsabilidade pela contaminação dos alimentos.
Além da perda de vidas e do comprometimento da saúde de inúmeras pessoas na Alemanha, Espanha, Suécia, França e Estados Unidos, a epidemia provocou prejuízos inestimáveis aos agricultores europeus, obrigados a destruir frutos e plantações, fora as consequências do impacto nos mercados, com forte redução da procura de vegetais.
Duas são as constatações que resultam desse episódio: 1. A humanidade não dispõe ainda de meios eficazes de conter a propagação de bactérias resistentes a antibióticos; 2. A contaminação de fontes de fornecimento de água e de cultivo de alimentos é cada vez mais uma arma poderosa ao alcance de grupos fanáticos e de dirigentes políticos insensatos.
Uma visita à Rússia de hoje, onde convivem os arroubos ditatoriais de Putin com as aspirações libertárias da grande maioria da população, as riquezas naturais, a arte, os monumentos suntuosos, com a falta de perspectiva econômica de amplos setores da sociedade, como os professores, os médicos, os engenheiros, relegados a baixíssima remuneração, serve para mostrar a extrema necessidade de mudança radical nas estruturas em que se baseia a ordem econômica mundial.
Lênin pregou, no famoso discurso da sacada do prédio em que hoje se instala o Museu de História Política, em São Petersburgo, o combate à fome, o fim da guerra e a estatização da produção para levar ao poder, em 1917, o Partido Bolchevique. Morreu em 1927, sem cumprir a promessa, porque 50 milhões de russos morreram na guerra civil ou de fome, e o seu sucessor, Stalin, criou um estado totalitário que conquistou a industrialização e ajudou a abater o nazismo à custa de outras dezenas de milhões de mortes.
A queda do Muro de Berlim, em 1989, parecia significar o fim dos governos totalitários e das ideologias extremistas, mas os dados mais recentes indicam que o perigo persiste; a liberdade e o convívio social harmônico necessitam de cuidados redobrados dos povos de todo o mundo.

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