domingo, maio 02, 2010

Drogas e desvalorização do professor explicam violência nas escolas, diz antropóloga

Drogas e desvalorização do professor explicam violência nas escolas, diz antropóloga
Cultura jovem está cada vez mais desafiadora, avalia especialista
Da Agência Brasil
A antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), avalia que o comportamento desrespeitoso de alunos em relação aos professores nas escolas públicas do Rio de Janeiro é consequência da desvalorização da profissão.  Segundo ela, as situações de uso da ironia, de desacato e de agressões verbais, às vezes físicas, também têm ligação com uma mudança na cultura jovem, que, com o passar dos anos, está cada vez mais desafiadora.  – Estamos vivendo uma crise das figuras de autoridades.  Para a pesquisadora, que atua nas áreas de antropologia urbana e da violência, o problema pode estar relacionado também à aproximação do tráfico de drogas das escolas. Os conflitos de quadrilhas são levados para dentro dos colégios, incitando, assim, as rivalidades diante dos professores que, por sua vez, não conseguem mais exercer a autoridade com os jovens.  Alba Zaluar criticou a falta de estatísticas oficiais para subsidiar o trabalho dos pesquisadores.  – Não temos como acompanhar se está realmente havendo um aumento dos casos de violência nas escolas porque o Poder Público não nos oferece dados oficiais.

Curso ensina professor a lidar com violência em aula

Destinado a professores, primeira turma começa nesta segunda-feira
A questão da violência nas escolas é tão preocupante que o MEC (Ministério da Educação), em parceria com o Claves (Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli), da Fundação Oswaldo Cruz, criou um curso de atualização destinado a professores da rede pública para o enfrentamento da violência e defesa dos direitos na escola.
O curso é destinado a professores, e a primeira turma, que começa na amanhã desta segunda-feira (3), terá 700 profissionais do Rio de Janeiro e de mais 35 municípios fluminenses. Serão três meses de aulas presenciais e a distância, cujo conteúdo tem o objetivo de dar um suporte ao professor para que ele saiba identificar e prevenir possíveis casos de violência em sala de aula, no pátio ou nos corredores da escola. 
A coordenadora-geral de Direitos Humanos do ministério, Rosiléa Maria Roldi Wille explicou a importância do curso.
– O MEC está se manifestando pela realidade do Rio de Janeiro e também de outros municípios fluminenses, e essa experiência é importante porque muitos professores não sabem como trabalhar nesse contexto da violência, que muitas vezes os alunos trazem de casa e que acaba refletindo no aprendizado deles. Vamos envolver outras secretarias, como a de Assistência Social e Trabalho, para traçar uma estratégia de formação de profissionais de educação e também de material didático para lidar com essa realidade.
Segundo ela, a partir desse curso, o MEC pretende criar uma rede de proteção à criança e ao adolescente nas escolas, envolvendo os conselhos tutelares e os próprios professores. 
– Eles [os professores] passam várias horas ao lado das crianças e adolescentes e essa aproximação lhes permite identificar os problemas dos alunos e as situações de violação de seus direitos.
A pesquisadora Joviani Avanci, do Claves, que é uma das coordenadoras do curso, afirmou que o tema violência nas escolas ainda é pouco estudado porque não há estatísticas disponíveis para o trabalho, mas que a realização desse curso vai permitir o desenvolvimento de ações na área.
– A gente busca discutir soluções para dar subsídio ao professor de forma que ele possa prevenir a violência e também saber como agir quando ela estiver acontecendo.
Em agosto, a Fundação Oswaldo Cruz vai lançar edital para mais sete ou oito turmas do mesmo curso.

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