quinta-feira, junho 10, 2010
Com economia aquecida, juro básico brasileiro volta a 2 dígitos
Com economia aquecida, juro básico brasileiro volta a 2 dígitos
Quarta-feira, 9 de junho de 2010 20:46 BRT - Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros brasileira pela segunda vez consecutiva, em um esforço para esfriar a atividade doméstica em meio a preocupações com a inflação. Em decisão unânime, o BC aumentou a Selic em 0,75 ponto percentual, para 10,25 por cento ao ano, em linha com o esperado pela maioria dos analistas de mercado. Com isso, a taxa voltou ao nível definido em abril do ano passado. Em breve comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu as palavras da reunião anterior de que dá "seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".
O anúncio foi feito um dia após dados mostrarem que a economia brasileira cresceu a uma taxa robusta no primeiro trimestre, enquanto a maior parte dos países ainda patina para combater os efeitos da crise global. Também se deu depois da divulgação de indicadores domésticos de inflação de maio apontando que ainda há pressões de preços. O IGP-DI do mês passado foi o maior em quase dois anos e o IPCA, embora tenha desacelerado, registrou aumento dos núcleos. Entre o anúncio dos indicadores e a decisão do Copom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em discurso que fará "qualquer coisa" para não deixar a inflação voltar. "Da minha parte, eu vou controlar a inflação", disse.
De um total de 21 instituições financeiras consultadas pela Reuters, 19 já esperavam o aumento de 0,75 ponto da Selic, enquanto duas apostavam em alta de 0,50 ponto. Os analistas agora aguardam a divulgação da ata da reunião do Copom, na próxima semana, para sinais sobre os próximos passos do colegiado. "O BC manteve a estratégia de fazer mais para fazer menos, ou seja, aperto maior por um período mais curto", avaliou o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani. "A discussão agora é sobre o tamanho desse ciclo. Agora tem que ler a ata para saber a visão do BC sobre o cenário externo."
RITMO DA ATIVIDADE
O crescimento do PIB no primeiro trimestre foi de 2,7 por cento frente ao trimestre anterior e de 9,0 por cento na comparação anual --maior aumento da série, iniciada em 1995. A tendência é de desaceleração ao longo do ano, em parte por conta da retirada de estímulos fiscais adotados pelo governo para enfrentar a crise global. Mas, ainda assim, a avaliação de economistas é de que o crescimento em curso não é compatível com a capacidade da economia brasileira, por conta de gargalos em áreas como infraestrutura e na oferta de mão de obra. As expectativas de inflação do mercado para 2010 e 2011 estão acima da meta do governo, de 4,5 por cento.
O IPVCA, índice de inflação ao consumidor usado como parâmetro para as metas, perdeu força no mês passado refletindo um arrefecimento dos preços de alimentos. Mas os núcleos, que desconsideram os preços mais voláteis, aceleraram, segundo cálculos de economistas. "Vejo que o BC já perdeu o controle sobre os preços neste ano", afirmou Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros. "O que está fazendo é se preparar para 2011, agindo agora, já que o cenário para este ano aponta uma inflação elevada." O Copom voltará a se reunir nos dias 20 e 21 de julho.
(Reportagem adicional de Ana Nicolaci da Costa, Aluísio Alves, Paula Laier e José de Castro)
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