terça-feira, junho 08, 2010
Em meio à tensão, Cisjordânia dá exemplo para a paz
Em meio à tensão, Cisjordânia dá exemplo para a paz
Thomas L. Friedman, colunista do jornal The New York Times - Tradução: Helena Carnieri
Em meio a notícias de assassinato, provocações e declarações tensas, fica difícil enxergar algum avanço nas negociações israelo-palestinas. Mas há. Os esforços do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e do primeiro-ministro, Salam Fayyad, para criar as bases para um Estado palestino a partir do nada – substituindo estruturas corruptas que Yasser Arafat criou e Israel destruiu – estão, sim, tendo resultado. E eles precisam ser estimulados.
Há dois modelos de governança entre os árabes. O antigo modelo nasserista (baseado no egípcio Gamal Abdel Nasser), que o Hamas ainda pratica, diz: “Julguem-me pela forma como resisto a Israel e EUA” e “Primeiro conseguimos o Estado, depois construímos suas instituições”. O novo modelo, do qual Abbas e Fayyad são pioneiros na Cisjordânia, diz: “Julguem-me pelo meu desempenho – como eu gero investimentos e emprego, organizo serviços e recolho o lixo. Primeiro construímos instituições políticas e de segurança transparentes e eficazes. Depois, proclamamos um Estado. Foi o que os sionistas fizeram, e certamente funcionou para eles.”
Um resultado baseado nesse princípio é a associação da ANP, desde 2007, à Jordânia e aos EUA para treinar um novo efetivo de segurança na Cisjordânia.
O Exército israelense ficou bastante impressionado com o desempenho dessa Nova Força nacional Palestina (NSF), já que ela hoje é responsável por boa parte da lei e da ordem na maioria da cidades da Cisjordânia, criando as bases para uma explosão de novas construções, investimento e comércio na região.
Em paralelo a isso, o primeiro-ministro israelense reduziu os postos de controle armado na Cisjordânia de 42 para 12.
Tudo isso não poderá ser mantido a menos que Israel comece a transferir a autoridade de suas cidades aos palestinos, que precisam enxergar sua nova força de segurança como parte da construção de seu Estado, e não como parte da ocupação israelense.
Resumindo, essa dinâmica – a construção de instituições palestinas a partir do nada e a conquista de autodeterminação – é a grande disputa na região. É preciso fazer isso dar certo na Cisjordânia e encontrar uma forma de transferir a experiência para Gaza (que tal reabrir a fronteira e permitir que a nova força palestina NSF controle a entrada em Israel?). Se der certo, a solução de dois Estados na região será possível. Se falhar, teremos um conflito sem fim.
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