segunda-feira, agosto 16, 2010

Em livro, dissidente acusa premiê chinês de 'fingir' ser reformista

Em livro, dissidente acusa premiê chinês de 'fingir' ser reformista
Um livro que promete ser uma pedra no sapato do Partido Comunista da China, e em especial do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, chega nesta segunda-feira às livrarias de Hong Kong.
Traduzido livremente como "Wen Jiabao, o Melhor Ator da China", a obra do dissidente Yu Jie procura desfazer a imagem de Wen como um líder reformista, uma ideia corrente e reforçada pelo carisma e o apoio que o premiê tem entre a população chinesa.
"Não sou o primeiro a descrever Wen Jiabao como um ator. Acompanho o seu comportamento há muito tempo. Muitas das políticas de seu governo são diferentes da maneira como ele se comporta publicamente ou perante a imprensa. Muitas vezes, são até contraditórias", disse Yu em entrevista à BBC.
"Muitos são enganados por seus atos e gostam dele, acham que ele é um reformista - eu não acho."
Wen ganhou simpatia ao longo de seus sete anos como premiê demonstrando simpatia por chineses comuns e reagindo rapidamente a situações de emergência, como desastres naturais e caos no setor de transportes.
O correspondente da BBC em Pequim, Michael Bristow, disse que o líder goza de uma "imagem fantástica" na China e que, nas ruas da capital, "é difícil encontrar alguém que não goste" dele.
Yu, entretanto, acusa o premiê de não promover reformas liberalizantes no momento em que a China avança no cenário mundial e procura encontrar maneiras de se adaptar a essa nova ordem.
"A China está em um momento de mudança, em uma perigosa encruzilhada histórica", diz. "Se Wen fosse realmente um grande líder, com a coragem de um grande líder, tentaria promover reformas, mas não o fez."
Liberdade de expressão
Na China, segundo o correspondente da BBC, não somente os políticos não estão acostumados a serem criticados em público, como em geral são louvados nas obras que chegam às prateleiras das livrarias.
Desde 2004, os livros de Yu são proibidos na China continental, que opera uma rigorosa censura à circulação de ideias. Sua obra mais recente está sendo lançada apenas na ilha de Hong Kong, onde as leis editoriais são mais brandas.
No mês passado, o autor foi brevemente detido pela polícia quando contou aos amigos através da internet que a obra estava no prelo. Foi advertido a não publicá-la.
Ainda assim, o dissidente decidiu trazer o livro para a cena pública, afirmando que é preciso "desenvolver a ideia de liberdade de expressão" no país.
"Uma porta se abriu ligeiramente na China (em relação à liberdade de ideias), mas precisamos que todos dêem um empurrão para permitir que entre a luz do sol", disse o autor.
"A porta não vai se abrir automaticamente se ninguém fizer nada."
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