terça-feira, maio 04, 2010

O TERROR VOLTA A NOVA YORK

O TERROR VOLTA A NOVA YORK
EDITORIAL - CORREIO BRAZILIENSE - 4/5/2010
O carro-bomba encontrado em Times Square reacende o alerta para o risco de ataques terroristas nos Estados Unidos. Estacionado em um dos pontos turísticos mais movimentados de Nova York, o veículo despertou a atenção de um vendedor ambulante que chamou a polícia. O artefato só não explodiu por sorte. A multidão, que enche teatros, bares e restaurantes da praça mais popular da cidade, foi dispersa e a área isolada. Passada a emergência, a polícia afirmou que a bomba, de fabricação caseira, tinha pequeno poder destrutivo, mas poderia ter causado danos. 
Talvez a forma verbal mais adequada não seja “poderia causar”. Mas “causou”. Nova York é cidade traumatizada desde os atentados de 11 de setembro de 2001. Na oportunidade, aviões, em cenas cinematográficas, atravessaram as torres gêmeas do World Trade Center. A violência deixou saldo de 2.819 mortos, centenas de feridos e a urbe em pânico. A maior potência do planeta descobriu que poderia ser palco de agressão externa no próprio território. George W. Bush, então presidente da República, deflagrou guerra contra o terror que contribuiu para espalhar insegurança pelos cinco continentes. 
Explica-se, pois, a cautela das autoridades ao fornecer informações sobre o episódio. O governo não quer assustar a população. De qualquer forma, as investigações terão de responder a duas perguntas-chave para jogar luz sobre a ação que, mesmo frustrada, ressuscitou os pesadelos de 2001. Uma delas: o atentado foi ato de uma só pessoa ou de um pequeno grupo? A outra: o autor ou os autores são moradores dos Estados Unidos ou pessoas que vieram de outros países? 
Seja qual for a resposta, o ato trará consequências. De um lado, disseminará o medo — objetivo do terrorismo. De outro, poderá arranhar a credibilidade de Barack Obama. Tudo indica que o tema será explorado na campanha que renovará o Legislativo na metade do mandato presidencial. A política de segurança proposta pelo então candidato à Casa Branca foi duramente atacada durante a corrida pela conquista de votos. Os republicanos insistiam no despreparo do democrata em assuntos do gênero. A ele se juntariam outras questões espinhosas. Entre elas, a reforma do sistema de saúde e as guerras do Iraque e do Afeganistão. 
Atentados em Nova York, aliás, não caem no esquecimento. Ataques terroristas à esquina do mundo há muito excitam os autores de obras de ficção. A cidade, coração do capitalismo e símbolo do american way of life, oferece os elementos necessários para alimentar a trama. Ruas charmosas convivem com guetos cheios de perigos. Moradores de diferentes etnias e variadas religiões circulam com seus segredos e mistérios ao lado de milhares de turistas. Vidas fervilham 24 horas por dia. Em 2007, John Updike lançou O terrorista. O enredo gira em torno da preparação de um grupo de residentes nos Estados Unidos para praticar atos terroristas. O atentado se frustra. Vale a questão. Será que a ficção se torna realidade? 

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