domingo, junho 20, 2010
Cidades com menos jogos começam a sofrer ‘ressaca’ da Copa
Cidades com menos jogos começam a sofrer ‘ressaca’ da Copa
Maria Luisa Cavalcanti - Enviada especial da BBC Brasil a Polokwane, África do Sul
Uma semana após o início da Copa do Mundo da África do Sul, pelo menos uma das menores cidades-sede já começa a sentir um gosto de “ressaca pós-torneio”.
Em Polokwane, capital da província de Limpopo e a poucos quilômetros das fronteiras com Botsuana, Zimbábue e Moçambique, a população se divide entre aqueles que estão aproveitando pessoalmente o agito e os que viram seus investimentos renderem muito menos do que esperavam. Segundo Eileen Schofield, diretora da Associação de Hoteleiros de Polokwane, muitos donos de hotéis e pousadas devem perder dinheiro com o Mundial.
“Conheço muita gente que gastou uma fortuna reformando suas acomodações ou até construindo pousadas do zero. Mas o que eles não perceberam é que, aqui, 2010 vai durar apenas duas semanas”, disse ela à BBC Brasil. Polokwane, ao lado de Nelspruit, é sede de apenas quatro jogos da primeira fase da Copa e já se despede do torneio daqui a uma semana, com o jogo Paraguai x Nova Zelândia, na próxima quinta-feira. “Às pessoas não pensaram na sustentabilidade de seu negócio”, explicou Schofield. “Aos meus colegas brasileiros, que estão pensando em ganhar dinheiro em 2014, eu dou um conselho: vejam bem se sua cidade vai precisar dos seus hotéis depois do Mundial.”
Intervalo
Outro problema enfrentado por Polokwane e algumas cidades-sede é o intervalo de vários dias entre uma partida e outra, o que faz com que a maioria dos torcedores prefira passar este tempo nas sedes maiores e mais famosas, como Johanesburgo ou Cidade do Cabo.
“Temos ótimas atrações na nossa província, como reservas naturais e aldeias tipicamente africanas, mas acho que faltou uma boa campanha de marketing para atrair os turistas e fazê-los ficar na região antes e depois dos jogos”, disse à BBC Brasil a guia turística Lisa Milner. “Espero que, pelo menos, os que vieram até aqui façam propaganda e voltem no futuro.” Mesmo nos dias de partida, Polokwane, com seus 500 mil habitantes, também mostrou que tem dificuldade para lidar com o excedente estimado em 20 mil pessoas.
“Tive que me hospedar a uma hora daqui porque já não havia mais lugares no centro”, reclamou um torcedor mexicano que veio para o jogo de seu país contra a França, pelo grupo A da Copa. “Também foi difícil achar um lugar para comer, pois todos os restaurantes estavam lotados.” Mas para muitos moradores, o Mundial trouxe benefícios para a cidade. “Polokwane está mais bonita. As ruas foram renovadas, temos mais iluminação, a gente está animada e eu estou até ganhando um pouco mais de dinheiro com minhas vendas”, disse uma balconista de uma boutique no maior shopping local. “Não quero nem pensar na semana que vem. Vamos ficar com uma sensação de festa acabada.” Polokwane recebe ainda os jogos Grécia x Argentina, no dia 22, e Paraguai x Nova Zelândia, em 24 de junho.
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