domingo, junho 13, 2010
Política com as próprias mãos
Política com as próprias mãos
Ana Dubeux – Correio Braziliense
Na semana passada, o país deu um passo decisivo em direção à conquista da cidadania em sua plenitude. Seis dos sete ministros do TSE decidiram que o projeto de iniciativa popular batizado de Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados, vale para esta eleição. Ainda que esteja pendente a celeuma do tempo verbal que colocou sub judice se a lei valerá para condenados a partir de agora ou os já sentenciados em última instância, a vitória é mais que considerável. Até porque é bem provável que o TSE se posicione mais uma vez a favor do espírito da lei, contrário a qualquer interpretação equivocada.
O feito é histórico porque comprova a força da sociedade, quando esta se organiza e trabalha unida. Também é louvável por se tratar de um exemplo concreto e inquestionável de participação popular, sem interferência de grupos com interesses privados ou políticos, além de mostrar que a Justiça não está de costas ao clamor das ruas. Cabe ressaltar a importância da mídia nesse processo, que carregou a bandeira levantada pelo povo e não relegou o assunto ao esquecimento. Foi parceira num processo ímpar, que contou ainda com o empenho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras instituições e organizações não-governamentais anticorrupção.
O Ficha Limpa é, agora, também um símbolo de um país mais esperançoso, sinal de que estamos melhorando. Permite novamente acreditarmos que a política, por si só, não é a apologia do ilegal e do imoral, é uma atividade legítima da qual a sociedade pode apropriar-se em sua essência. Ensina que o exercício político não está restrito pura e simplesmente ao voto a cada quatro anos, e sim a uma atuação constante, insistente, organizada.
Diante disso, espera-se também uma contrapartida que venha das urnas. O voto vai refletir essa mobilização pela moralização da classe política? Além dos condenados, ficarão de fora os acusados, os antiéticos, os conhecidos surrupiadores de dinheiro público? Aguardemos a resposta em outubro, especialmente em Brasília, que, depois da Operação Caixa de Pandora e seus efeitos, merece estar na vanguarda dessa história e honrar a luta travada em prol da aprovação do Ficha Limpa.
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