segunda-feira, julho 26, 2010

Falta de controle estimula a corrupção

Falta de controle estimula a corrupção
Para sociólogos, população deve contribuir e evitar pagamento de propina
O Globo

As denúncias de corrupção envolvendo policiais militares, que tanto revoltam a população, também repercutem entre especialistas em segurança. Eles analisam não só a ação de PMs que ignoram as leis e o bom senso em troca de propina, mas a atitude de quem contribui para o desvio de conduta, além da falta de controle por parte da corporação. Ontem, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro, Wadih Damous, divulgou nota defendendo mais capacitação para a PM: — Que a corrupção policial seja combatida e repudiada com seriedade, pouco importando a condição social das vítimas e dos favorecidos.
Para sociólogo, propina é uma prática corriqueira Ao fazer um diagnóstico do país, a socióloga Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, diz que o Brasil é um país generalizadamente corrupto.
Para ela, a corrupção existe em todas as esferas da sociedade, e na polícia não é diferente.
A cultura do “jeitinho”, aliada à omissão dos mecanismos de controle, deve ser mudada: — Quando quem deveria controlar se silencia, é um indício de que nada será mexido.
A corrupção não é para ser escondida, e sim extinta.
Membro do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o sociólogo Ignácio Cano sugere a adoção de operações pró-ativas para antever a prática de corrupção por militares. De acordo com o professor, a espera por denúncias é um dos fatores responsáveis pela grande incidência de casos de extorsão policial: — A propina é uma prática tão corriqueira que só estávamos contando as horas para a oficialização da hipótese. A tristeza é saber que, para cada caso que vem à tona, inúmeros passam sem ser notados.
Em entrevista ao “RJ TV”, da TV Globo, Cano ressaltou a necessidade de a população não contribuir para a corrupção: — É preciso haver uma medida para prevenir o desvio de conduta e também para estimular as pessoas para que não façam isso, para que se recusem a pagar propina.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, o deputado Marcelo Freixo (PSOL) fez duras críticas à atuação da PM. Para ele, os crimes cometidos por policiais militares são fruto de uma política de segurança pública voltada apenas para a repressão das classes sociais menos favorecidas.
Deputado critica corporativismo na PM Segundo Freixo, além de a corregedoria ser pouco atuante, o corporativismo sempre acaba por colocar “panos quentes” nas investigações: — Existe um tripé que deveria ser vir de base para as ações policiais em todo o mundo: valorização do profissional com remuneração e condições dignas de trabalho; valorização da formação, com capacitação e instrução do ser humano; e investimento nos instrumentos de controle.
Nada disso é levado em conta, porque o serviço que se espera é precarizado. A polícia não é preparada para atuar em sociedade

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