terça-feira, agosto 10, 2010

Assalto aos fundos de pensão

Assalto aos fundos de pensão
Paulo Renato Souza
Os antigos revolucionários sonhavam com a “assalto ao Palácio de Inverno”, como caminho para implantar o poder proletário. O lulo-petismo, mais pragmático, focou no assalto aos fundos de pensão, cujos recursos se contam na casa de centenas de bilhões de reais. Com seus tentáculos por quase toda a economia, os fundos são a joia da coroa. Não apenas por seu poderio econômico, mas por ter permitido aos petistas montar uma máquina clandestina por dentro do Estado, subordinada inteiramente aos seus interesses. Conhecia-se pouco deste submundo, mas a revista Veja, através da entrevista de um ex-diretor da Previ, levantou o véu. O que veio a público é de estarrecer.
Segundo Gerardo Santiago, (ex-diretor e ex-assessor de Sérgio Rosa, presidente por sete anos do fundo de pensão do Banco do Brasil), “quando o PT chegou à Presidência da República, os dirigentes botaram a Previ para defender o governo, o partido, o sindicato, a CUT. Hoje, a Previ é um braço partidário, é um bunker de um grupo do PT, uma fábrica de dossiês. A Previ está a serviço de um determinado grupo muito poderoso, comandado por Ricardo Berzoini, Sérgio Rosa, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto.” De fato, são pessoas poderosíssimas, petistas históricos e de origem sindical.
Estamos falando do maior fundo de pensão do Brasil. A Previ administra um capital de 140 bilhões de reais, participa do controle de noventa das maiores empresas do país e tem um volume de ações em seu poder que representa mais de 5% de tudo o que é negociado na Bolsa de Valores de São Paulo. Dá para entender porque sindicalistas e bancários petistas querem, a todo custo, manter o controle da Previ. E fica óbvio porque até mesmo o ministro Mantega virou alvo da “fábrica de dossiês”.
O controle dos fundos de pensão por sindicalistas petistas faz parte de uma estratégia global, como deixou claro Gerardo Santiago: “O grupo do Sérgio Rosa e do Berzoini é muito forte em todos os bancos públicos e fundos de pensão. Na Previ, dos seis dirigentes, quatro são petistas e ex-dirigentes de sindicatos de bancários. No Banco do Brasil, a maioria dos diretores e vice-presidentes é da mesma linha política. A presidente da Caixa, Maria Fernanda, é da Articulação Sindical Bancária. Os presidentes do Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa) e da Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras] também foram indicados por Berzoini e Sérgio Rosa.”
E contra quem se dedicou a “fábrica de dossiês”, instalada na Previ desde 2003? Segundo o denunciante, contra parlamentares e políticos da oposição: José Serra, deputado ACM Neto, senador Heráclito Fortes, ex-senador Jorge Bornhausen, entre outros. Sintomaticamente, a “fábrica” funcionou a pleno vapor na CPMI dos Correios quando o governo estava sendo acuado em função das denúncias sobre o “mensalão”. Chegaram ao ponto de formar uma “força-tarefa” com membros da Previ, da Petros e da Funcef para a elaboração de um relatório alternativo ao da CPMI e para colher dados contra parlamentares da oposição.
Dá para imaginar do que será capaz a “máquina clandestina” na busca de recursos financeiros para as campanhas do lulo-petismo. Se dirigentes de fundos de pensão são capazes de produzir dossiês ilegais contra a oposição e até mesmo contra membros do seu próprio governo, o que não farão com o empresário que se recusar a contribuir para campanhas eleitorais do PT? Como resistir a este enorme poder de chantagem? E qual a garantia dada ao país de que os fundos estão agindo de forma republicana ao se associarem a grupos privados que fazem parte do restrito círculo de “amigos do Rei”? Se na política fazem o que fazem, imaginem na economia...
Não se pode deixar de reconhecer um “mérito” no lulo-petismo: ele inovou na produção de dossiês contra adversários políticos. Nos regimes totalitários, esta é uma tarefa tocada por polícias políticas ou “serviços de inteligência”. Assim agiam a KGB do regime stalinista, a Stassi da Alemanha Oriental, a Gestapo de Hitler ou a polícia de Filinto Muller, durante o Estado Novo, a polícia política portuguesa da ditadura de Salazar e o SNI do regime militar.
No Brasil de hoje, o lulo-petismo é forçado a criar outros mecanismos, pois as instituições do setor de inteligência não estão totalmente sob seu controle e ainda preservam seu caráter republicano. Se é assim, só resta delegar para os sindicalistas incrustados na máquina estatal a tarefa de fazer o jogo sórdido contra os adversários do governo. E eles a cumprem com muito gosto, até para preservar os privilégios alcançados, que incluem os polpudos salários que recebem.
No caso da utilização dos Fundos de Pensão, a transgressão assume contornos ainda mais graves. Os Fundos são um patrimônio de seus associados e devem render dividendos para garantir as aposentadorias atuais e futuras. O uso dos recursos dos Fundos para finalidades políticas tem um nome apenas: é ROUBO, puro e simples dos recursos que pertencem a seus afiliados.
Fonte: http://www.paulorenatosouza.blogspot.com/

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