sexta-feira, outubro 29, 2010

"Serragnelo"

"Serragnelo"
ELIANE CANTANHÊDE - Folha de São Paulo
BRASÍLIA - A toda hora, surge no rádio uma propaganda do candidato do PT ao governo do DF, Agnelo Queiroz, conclamando os cidadãos a votarem no domingo e só depois viajarem para o feriadão de Finados. Poderia muito bem ser do tucano José Serra.
Ambos têm mais votos entre os mais escolarizados e de maior renda, aqueles que viajam mais, especialmente em feriados prolongados e com esse solão de novembro.
As diferenças entre o candidato do PT em Brasília e o do PSDB a presidente não param por aí, e tende a haver na capital um voto "Dilmasia", mas ao contrário. Em Minas, uma multidão de eleitores votou na petista Dilma e no tucano Anastasia no primeiro turno. Em Brasília, podem se misturar o 45 de Serra e o 13 de Agnelo.
Isso não se reproduz em santinhos, bandeiras e adesivos de carros, pois a guerra entre PT e PSDB também existe na capital. O movimento é real, mas dissimulado. E resultado da grande confusão da capital neste ano.
O ex-governador Arruda foi escorraçado. Joaquim Roriz, governador quatro vezes e com um número proporcional de processos na Justiça, renunciou ao mandato, mas empurrou a própria mulher, a dona de casa Weslian, para substituí-lo na chapa e elegeu duas filhas, uma para deputada federal e outra para deputada distrital.
Formalmente, há uma aliança do PSDB com Roriz, mas o eleitor tucano não vai atrás. Assim, Agnelo Queiroz virou "o voto por exclusão". Une o eleitor tradicional do PT a todos os demais não-rorizistas, aí incluídos tucanos e toda a esquerda. Gostem ou não do PT, vão votar em Agnelo ou anular o voto. É assim que ele, que foi do PC do B até outro dia, tem 65% segundo o Datafolha, contra 35% de Weslian.
A marca do segundo turno no DF, portanto, deverá ser o curioso e até engraçado "Serragnelo". Serra deverá ter mais voto que Weslian. Dilma, menos do que Agnelo.
elianec@uol.com.br

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