terça-feira, dezembro 28, 2010

QUARTO NO RANKING DA REPROVAÇÃO

QUARTO NO RANKING DA REPROVAÇÃO
EDITORIAL - CORREIO BRAZILIENSE
Não pode ser aceito com naturalidade o fato de o Distrito Federal ocupar o humilhante 4º lugar no ranking das unidades da Federação em que os alunos mais repetem de ano. Ficou atrás apenas do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e de Mato Grosso do Sul. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Educação, em 2009, a taxa de desclassificação no ensino médio bateu em 18,58%. No fundamental, em 12,15%. Somados os alunos matriculados nas classes de aceleração e os que abandonaram as salas de aula, o índice dá um salto assustador — 29% no médio e 18,58% no nível anterior.
As causas para o fracasso são várias. Entre elas, o secretário de Educação aponta falhas no sistema educacional. A anualidade, por exemplo. Se o regime fosse semestral, poder-se-ia diminuir o número dos que ficam no caminho. Em vez de perder um ano, o estudante amargaria seis meses de prejuízo. Especialistas vão além. Responsabilizam a formação insatisfatória dos professores, os equipamentos e as instalações físicas das escolas.
Levando-se em conta as razões apresentadas, pode-se afirmar, sem medo de incorrer em generalizações, que o Distrito Federal não constitui exceção à regra. Está mergulhado no mesmo mar de ineficiência que banha o território nacional. É inaceitável. O DF paga um dos salários mais altos do país e exige nível superior do corpo docente. Seria o caso de servir de modelo para estados e municípios — dar provas de que o ensino público constitui prioridade e, com boa gestão, pode recuperar o status que exibia até a década de 70 do século passado.
Não é, porém, o que ocorre. A capital dos brasileiros tem 12 escolas em situação tão precária que foram condenadas pelo Ministério Público. Outras cinco respondem a ações civis públicas. Umas e outras precisam de reformas urgentes. Sem os reparos, comprometem-se a segurança e o bem-estar dos alunos. Mais: a pouco mais de um mês do início do ano letivo, o DF amarga o deficit de 79 salas de aula. Significa que crianças, apesar de devidamente matriculadas, ou ficarão sem estudar, ou estudarão em instalações precárias. Seja qual for a alternativa, o resultado é um só — prejuízo irrecuperável.
Aliada à precariedade das instalações, sobressai a indigência dos equipamentos. Bibliotecas que funcionam como depósito de livros, laboratórios sem os recursos humanos e materiais exigidos pela ciência, computadores que não respondem às expectativas, não cumprem a função de complementar a sala de aula e ampliar conhecimentos. A falta de professores, problema crônico, não encontra solução sai ano, entra ano. Tampouco se freia a contratação de profissionais temporários que, em condições precárias, não podem desenvolver o trabalho com a indispensável seriedade que a questão impõe.
Agnelo Queiroz, que assume o governo do Distrito Federal em 1º de janeiro, tem pela frente o desafio de apagar a pecha que mancha a imagem da cidade. Além da estrutura física, impõe-se investir maciçamente nos recursos humanos. A educação é intensiva em mão de obra. Direção, corpo docente e quadro de apoio precisam de bom salário, sem dúvida. Mas precisam de muito mais — apoio, treinamento permanente e condições de exercer a tarefa como a sociedade espera. Sem atender aos pré-requisitos, o DF comete crime de leso-futuro.  

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