sexta-feira, maio 28, 2010

Gratidão por minha alma feminina

Gratidão por minha alma feminina
Ricardo Gondim
Deus, atrevo-me a chamar-te ao mesmo tempo de Pai e de Mãe. Antes, confesso: minha relação contigo continua inadequada. Sou inepto em lidar com o sagrado. Sei tão pouco sobre o mundo espiritual. Não alcanço como o universo cabe na concha de tua mão. Não sei explicar que antes da explosão primordial que moveu o relógio cósmico, tu já eras. Não compreendo o significado de desde sempre.
Não posso tratar-te como um fundamento, isso te coisificaria; recuso tentar encapsular-te em definições, isso te reduziria a um ídolo. Pretender definir-te é arrogância. Equivale à ousadia de fazer-te menor que a racionalidade humana. Contemplo-te com a mesma admiração do astrônomo que vasculha o espaço sideral em busca de nebulosas e de buracos negros. Meu coração se enche de “por quês?” infantis. Assombrado, reconheço: não passo de um cisco, uma fuligem que o vento espalha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters