quarta-feira, maio 26, 2010

Razões de alto risco

Razões de alto risco

SOLANGE AMARAL - O Globo - 26/05/2010

O drama que os Estados Unidos vivem com o desastre da mancha de óleo no Golfo do México nos ajuda a compreender as razões pelas quais os estados e municípios produtores de petróleo lutam de forma tão veemente pelos royalties a que têm direito, e que, por meio de manobras legislativas na Câmara dos Deputados, alguns parlamentares tentam retirar.
O acidente com a plataforma de petróleo que explodiu e pegou fogo mês passado ocorreu a 80km da costa. A mancha de óleo já atinge 1,5 mil km², uma extensão maior do que o município do Rio de Janeiro.
Um desastre ambiental de proporções inéditas. Funcionários feridos, outros desaparecidos, devastação no oceano, fauna e flora, impactos econômicos na pesca e no turismo. Sofre a economia, ficam atingidos os empregos, a arrecadação de impostos, enfim, toda a atividade econômica de uma região importante do país.
Nosso estado, vale sempre lembrar, produz, sozinho, 85% de todo o petróleo do país. Corremos esse risco. Pois aí está a prova que a tragédia americana nos apresenta. Ela atinge de maneira irremediável os estados da Louisiana, Mississipi, Alabama e até a Flórida, entre outros. Mas não atingirá, a não ser tangencial e indiretamente, outros estados como Colorado, Nevada, nem a Califórnia. Felizmente! São os estados produtores, sua população e a economia local que terão o maior impacto dessa tragédia ambiental, agravada com a perda dos empregos, a crise do turismo, a suspensão indefinida da atividade da pesca, os danos diretos à saúde dos moradores, dentre outros gravíssimos prejuízos.
E se esse desastre, que destrói vidas e todo o ecossistema local, tivesse ocorrido aqui no Brasil? Todo o litoral do Rio de Janeiro e o do Espírito Santo estariam grave e profundamente atingidos, com prejuízos irreparáveis.
Nossa fauna e flora ameaçadas, nosso ativo ambiental e turístico aniquilado e a qualidade de vida das nossas cidades ferida de morte por muito tempo.
No Sudeste brasileiro há exploração de petróleo na Bacia de Campos a 70km da costa. Temos plataformas localizadas muito mais próximas do litoral do que essa que afundou no Golfo do México. Aqui, essa mancha devastadora que avança no mar já estaria em Campos, Macaé, Cabo Frio, Búzios, Rio e em dezenas de municípios capixabas e fluminenses, dizimando nossas cidades e nossos empregos.
Portanto, é preciso corrigir e não deixar avançar a insanidade que a votação na Câmara dos Deputados, em sua maioria e não em sua unanimidade, perpetrou contra os estados e municípios produtores de petróleo.

Royalties são direito e necessidade dos que produzem.

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