quinta-feira, maio 13, 2010

A reportagem é interessante a aborda um tabu na sociedade. Por mais que a relação entre os dois seja agradável e madura, ambos têm de conviver com a desconfiança e o preconceito de amigos e parentes.

Homens que se apaixonaram por garota de programa contam suas experiências
WILSON DELL'ISOLA - Colaboração para o UOL - 17/04/2010 - 15h00
Nos capítulos da novela “Viver a Vida”, os telespectadores acompanharam o romance vivido entre Jorge (Mateus Solano) e a garota de programa Myrna (Aline Fanju). Por mais que a relação entre os dois seja agradável e madura, ambos têm de conviver com a desconfiança e o preconceito de amigos e parentes. Um pouco diferente da novela, os homens da vida real estão mais preocupados com a fidelidade da garota. A primeira pergunta que passa pela cabeça dos que cogitam esta relação é: uma prostituta ou ex-prostituta pode ser uma mulher fiel ou sempre vai estar sujeita a fraquejar? Pois saiba, meu amigo, que para dar certo - como em qualquer outro relacionamento - seu papel é oferecer segurança e companheirismo.

Foi o que aconteceu com o técnico em informática Rubens*, 31 anos, que conheceu uma garota de programa em um bar e começou a se envolver. “No início, quando nos conhecemos e nos primeiros encontros, ela dizia ser advogada. Depois de quase três meses de relacionamento, quando a coisa estava se tornando mais séria, ela abriu o jogo”, revela o técnico, que comenta sua reação: “No momento em que soube, virei as costas e fiquei sem entrar em contato por aproximadamente um mês. Com a ausência, senti muita falta e voltamos a nos encontrar. No começo, foi mais difícil aceitar e tivemos diversas discussões. Não é qualquer homem que aguenta. Hoje somos casados de papel passado e tudo, ela atua em outra profissão e temos uma filha linda.”

O caso recente que mais repercutiu na mídia, entretanto, foi o da ex-garota de programa Raquel Pacheco, 25, mais conhecida pela alcunha de Bruna Surfistinha, que na época mantinha um blog onde descrevia as experiências que realizava com seus clientes. Um destes clientes, inclusive, tornou-se namorado da prostituta – ainda no período em que a moça atendia seus clientes – e veio a se casar com ela em seguida. Agora Raquel largou a profissão, depois de ter feito sucesso com as suas histórias.

Experiência ruim - Depois de ser casado por cerca de 15 anos, o jornalista Ronaldo* se apaixonou por uma garota de programa com quem estava tendo relações há mais de um ano. A moça já não cobrava pelo tempo que dispunha com o então cliente, que muitas vezes preferia conversar durante o período. “Ela era mais nova, mais bonita e ganhava até melhor do que eu. Mas a convidei para morar comigo e ela topou”, conta. Depois que passaram a dividir o mesmo teto, entretanto, as coisas foram mais difíceis do que o imaginado: “Ela chegava todos os dias muito tarde, com cheiro de outros homens. Aquilo me torturava, porque eu tinha um imenso carinho por ela e ficava imaginando o que ela tinha feito com os clientes. Tentei fazer terapia, mas cheguei ao limite”. Ronaldo pediu que a companheira deixasse a profissão, mas o pedido foi rechaçado. O romance, então, chegou ao final. Dessa vez, nada feliz.

Palavra de profissional - De acordo com o psicólogo
Ailton Amélio da Silva, professor da Universidade de São Paulo, namorar uma garota de programa exige uma estrutura psicológica muito grande: “O sexo já é um tabu na sociedade por si só, ainda mais se a pessoa tem a atividade como profissão. Se alguém tem interesse em levar adiante este tipo de relacionamento, deve estar ciente de que sofrerá enormes dificuldades sociais”. Amélio também alerta para outra questão, que costuma assombrar a cabeça dos homens: “O que automaticamente atrapalha esse tipo de relação é o ciúme, que é absolutamente natural nestes casos. O homem, geralmente, gosta de possuir, de ser exclusivo. Entender que a sua namorada ou esposa fará sexo com diversos outros homens e levar a questão com serenidade exige muito equilíbrio. Não é fácil conviver com o fato sem que isso seja uma tortura”.

Ainda assim, assegura Amélio, é preciso ponderar que as prostitutas são mulheres carentes, com inseguranças afetivas profundas e um estilo de vida doloroso. “Elas sobrevivem da própria exposição. Isso machuca, e o preço a se pagar por isso é caro e cumulativo. Elas carregam rótulos”, diz.

* Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados


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