quinta-feira, maio 13, 2010

Resgate

Resgate
KENNETH MAXWELL - Folha de S. Paulo - 13/05/2010

OS "MERCADOS" se recuperaram depois do anúncio do imenso pacote europeu de assistência aos membros do sul do continente que vêm encontrando dificuldades.
A despeito das medidas de austeridade anunciadas pelo governo grego, dos tumultos nas ruas de Atenas e da morte de três funcionários em um banco atacado com coquetéis molotov, os membros da UE que usam o euro não haviam conseguido entrar em acordo quanto a medidas para conter a crise financeira. Os alemães, especialmente, se opunham a qualquer "resgate".
O problema básico era a crescente incapacidade da Grécia para manter o serviço de sua imensa dívida pública pagando juros de mercado. Os europeus e o FMI, sob intensa pressão, aprovaram um resgate que oferecerá US$ 140 bilhões à Grécia em prazo de três anos.
Com apoio relutante da Alemanha, os ministros das Finanças da UE, agindo com o apoio do FMI e do banco central dos Estados Unidos, aprovaram também o equivalente a quase US$ 1 trilhão em garantias de empréstimos, o que inclui um compromisso de aquisição de títulos de dívida nacionais pelo Banco Central Europeu a fim de impedir que o "contágio" se expanda e de ajudar a sustentar a situação financeira da Grécia, bem como a de Portugal e Espanha.
Vai funcionar? A Grécia assumiu o compromisso de reduzir as bonificações de Páscoa, verão e Natal de seus funcionários públicos e aposentados, vai elevar os impostos sobre combustível, tabaco e álcool, elevar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos e impor o uso de medicamentos genéricos no sistema estatal de saúde.
Mas o "Washington Post" relata que uma avaliação interna do FMI é pessimista. O estudo aponta que o choque social ainda não se fez sentir no país em toda a sua profundidade.
Até mesmo ligeiras variações de comportamento no crescimento, inflação, medidas de austeridade e elevação de impostos farão com que a carga da dívida grega aumente, a despeito dos esforços internacionais para reduzi-la. O FMI projeta anos de queda nos salários e padrões de vida e desemprego ampliado. O quadro não é bonito.
Já diante da crescente indignação quanto ao acordo, a chanceler alemã, Angela Merkel, sofreu sério revés em eleições regionais importantes e foi forçada a abandonar seus planos de cortar impostos.
Josef Schlarmann, líder regional da União Democrata Cristã, partido de centro-direita de Merkel, acusou a chanceler de "fazer pouco para resistir ao resgate à Grécia".
Seria desnecessário dizer que os bancos continuam a ser pagos.

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