sexta-feira, junho 18, 2010

ornalista tinha 'dois tiros' contra José Serra, diz ex-delegado Onézimo Sousa em depoimento sobre suposto dossiê do PT

Jornalista tinha 'dois tiros' contra José Serra, diz ex-delegado Onézimo Sousa em depoimento sobre suposto dossiê do PT

Jailton de Carvalho - Publicada em 17/06/2010 às 23h41m – O Globo Online
BRASÍLIA - O delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa reafirmou nesta quinta-feira, em depoimento na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, que foi procurado pelos jornalistas Luiz Lanzetta e Amaury Ribeiro Jr. - o primeiro era contratado pela campanha presidencial petista -, para investigar o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e um suposto grupo ligado ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Onézimo disse que, entre os alvos da investigação, estariam também os petistas Rui Falcão e Valdemir Garreta, rivais de Lanzetta na equipe da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff.
- A investigação seria sobre o fogo amigo (vazamento de informação da campanha de Dilma Rousseff), e o alvo principal seria o candidato José Serra - disse Onézimo. - De pronto reagi e usei a expressão: vocês querem editar o aloprados 2 (o caso do falso dossiê sobre corrupção que seria usado por petistas contra candidatos tucanos na eleição de 2006, em São Paulo)? E a partir daí não tinha mais clima para a conversa.
Disse ainda que recebeu uma proposta concreta, com pormenores, mas que não saberia dizer se as pessoas estavam autorizadas. E que foi procurado para "levantar tudo sobre" o candidato tucano.
- Fui convidado pelo PT. Não prestei serviços ao PT. Mas acabei ajudando o PT. Se esse pessoal tivesse ido em frente, as consequências teriam sido piores. Eu me informei que os três que compareceram à reunião eram ilustres desconhecidos. Se vieram individualmente ou em nome do PT é um problema deles.
Sobre a participação do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, Onézimo afirmou que o convite inicial para trabalhar na campanha "teria partido dele".
- Quem se apresentou como representante do senhor Pimentel foi o Lanzetta. O outro foi apresentado como a pessoa que seria responsável por efetuar os pagamentos, que se apresentou como Bené - disse. Pimentel, coordenador da campanha de Dilma, nega participação.
Durante o depoimento, o ex-delegado falou de suas relações com ex-colegas da Polícia Federal, citando o senador Romeu Tuma e o deputado Itagiba. Ele repetiu sua versão sobre o que seria o contrato.
- A conversa inicial foi no sentido de prestar serviços ao PT. Faria um contrato por dez meses. Seria a proteção da casa, proteger as instalações físicas. Houve uma proposta de R$ 160 mil por mês. No decorrer da reunião, teve outra proposta que considero indecente, que seria fazer um trabalho em cima do candidato concorrente. Então bati na mesa e disse: vocês querem reeditar os aloprados 2. Um deles (Amaury) disse que conseguiu dois tiros fatais contra o candidato (Serra).
Luiz Lanzetta e Amaury, que voltaram a negar nesta quinta-feira a versão de Onézimo, teriam feito a proposta num encontro entre eles em 20 de abril, num restaurante em Brasília. A reunião teve ainda a participação do sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Mathias, o Dadá, e do empresário Benedito de Oliveira Neto, o Bené. Onézimo se recusou, no entanto, a responder se gravou a conversa com Lanzetta, Amaury, Dadá e Bené.
- Isso é matéria de defesa - disse Onézimo, quando Itagiba perguntou se ele queria comprovar o que estava dizendo.
Onézimo contou ainda que, depois de tornar pública a denúncia contra o grupo de Lanzetta, recebeu uma ameaça velada de morte por e-mail.
- Na mensagem que recebi pela internet, isso (a denúncia) iria me transformar em nome de parque. Na hora não entendi. Não conheço bem São Paulo. Depois entendi que seria assassinado como o prefeito de Santo André Celso Daniel - disse Onézimo.
O delegado aposentado, que hoje atua como investigador particular, disse ainda que quem iria pagar pelo contrato de produção de dossiês seria Bené, um dos donos da empresa Dialog. A empresa é investigada por supostas irregularidades em contratos com o governo federal. Bené é uma espécie de sócio informal de Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, empresa que prestava serviços à campanha da ex-ministra. Depois da divulgação do encontro com Onézimo, o contrato da Lanza com a campanha foi suspenso.
- O importante aí é investigar a triangulação de recursos para a campanha - disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). 

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