sábado, julho 31, 2010

De qual elite Lula fala?

De qual elite Lula fala?
Após multas do TSE, presidente modera discursos em atos de governo e ataca duro nos palanques
Leila Suwwan - Enviada especial

PORTO ALEGRE. Após seis multas da Justiça eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estreou uma modalidade de atuação eleitoral anteontem em Porto Alegre. De dia, em compromissos oficiais como presidente, conseguiu evitar citar o nome de sua candidata, Dilma Rousseff, e pregou até a “perspectiva histórica” para atenuar as usuais críticas aos antecessores, entre eles o tucano Fernando Henrique Cardoso — alvo preferido de petistas para atacar o candidato José Serra (PSDB). Mas, à noite, no palanque de Dilma, Lula assumiu um discurso político agressivo, com ataques às elites, à direita e à imprensa.
Lula, que é aliado e defensor do presidente do Senado, José Sarney, dos senadores Fernando Collor e Renan Calheiros, além do deputado Paulo Maluf, é só elogios a eles, mas atacou o que chamou de elite durante o comício: — A esquerda faz oposição. A direita tenta dar golpe a cada 24 horas para não permitir que as forças democráticas pudessem continuar neste país.
Foram oito anos de ataques, provocações e infâmias. Eu mandei dizer a essa elite: vocês mataram o Getulio (Vargas), obrigaram o (João) Goulart a renunciar e o Jânio Quadros durou seis meses. Se quiserem me enfrentar, não vou estar no meu gabinete lendo o jornal de vocês. Estarei nas ruas conversando com o povo brasileiro! — atacou ele, em discurso exaltado.
No mesmo dia, em ato do governo em Porto Alegre, Lula disse que “tem gente” que não quer que o presidente faça campanha. Já no comício, à noite, ao lado de Dilma, afirmou que fará campanha diariamente, inclusive com participação no programa eleitoral da petista.
— Os meus adversários estão fazendo tudo para impedir que eu apareça na televisão. Dizem que o Lula presidente tem que ser um magistrado.
Quando eles tentavam me derrubar, ninguém me achava um magistrado.
Agora, eu não sei se vou ajudar, mas eles vão ter que ver minha cara na televisão todo dia pedindo voto para Dilma! — disse Lula.
No comício para pedir votos para Dilma e Tarso Genro, Lula repetiu uma mesma frase usada de manhã, em evento presidencial: — Em oito anos, colocamos mais dinheiro neste estado, tanto de financiamento quanto de orçamento, do que todos estes governos em 25 anos.
De manhã, no entanto, havia feito uma ressalva: de que essa comparação não era crítica, apenas um resultado natural da conjuntura histórica.
Ele explicou que os governantes recentes do Brasil não tinham condições de investir por causa da dívida externa assumida por Ernesto Geisel e que se tornou impagável devido à escalada dos juros dos Estados Unidos, que passaram de 3% para 21%.
— Não falo isso criticando os outros governos ou criticando outros ministros.
É preciso ter noção da evolução histórica e que cada um de nós fez as coisas que tínhamos que fazer — amenizou o presidente naquela ocasião.
Lula deixou claro no comício que o PT mantém um projeto de poder no Executivo — e que a coalizão de partidos aliados serve para dar sustentação ao Executivo petista. Ele lembrou do escândalo do mensalão de 2005: — Diziam que o PT não iria ressurgir e jamais conseguiria eleger o presidente da República.

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