terça-feira, julho 20, 2010

'Ligação do PT é com as Farc', diz Serra

'Ligação do PT é com as Farc', diz Serra
Ao comentar polêmica criada pelo vice, tucano diz que relação não significa que partido 'faça narcotráfico'
Marcelo Portela, Marcos Tadeu* e Flávio Freire
BELO HORIZONTE e SÃO PAULO.

Depois de se recusar na véspera a falar sobre a polêmica criada por seu vice, Indio da Costa, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, negou que o PT de sua principal adversária, Dilma Rousseff, esteja ligado ao narcotráfico, mas reafirmou a proximidade da legenda com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) — que, por sua vez, estão ligadas ao tráfico de drogas na Colômbia.
— A ligação do PT é com as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas, isso todo mundo sabe, tem muitas reportagens, tem muita coisa. Apenas isso. As Farc são uma força ligada ao narcotráfico.
Agora, isso não significa que o PT faça narcotráfico — declarou Serra, durante inauguração do comitê do PSDB no Centro de Belo Horizonte.
As declarações de Indio, em entrevista a um site tucano, causaram revolta no PT, que deverá entrar com duas ações contra o candidato a vice e uma contra o PSDB. Serra evitou repreender Indio e ressaltou que a posição externada pelo vice é subjetiva, dando a entender que não deveria ser discutida na Justiça, como ameaça fazer o PT. Para Serra, o que deve ser levado ao Judiciário é a “prática de crime” por parte de petistas no episódio do dossiê supostamente elaborado por integrantes da campanha de Dilma contra tucanos.
— Os esclarecimentos do que disse, do que não disse, o próprio Indio da Costa o fará. Agora, nós estamos discutindo opiniões.
Alguns podem gostar, outros não gostar. Tem uma coisa mais séria, que é quebra de sigilo, afronta à Constituição. Quebra do sigilo de tucanos, como arma para baixaria eleitoral. Essa questão precisa ser apurada, ser resolvida na Justiça, porque é um crime muito grave, como vários outros que têm sido praticados, cercando toda essa história de dossiê — disse Serra.
À noite, Dilma lamentou a posição de Serra sobre o assunto: — Jamais esperei que diante da adversidade, meu adversário recorresse a esse tipo de acusação.
Acho impensável que a eleição em 2010 no Brasil desça a esse nível, e quero adiantar que eu não descerei a esse nível.
Serra também criticou o PT por ameaçar fazer representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra a procuradora Sandra Cureau.
Para Serra, os adversários tentam pôr a culpa em todos que possam tomar qualquer atitude contra a legenda: — Em geral, quando eles (petistas) fazem algo ilegal, a vítima é a culpada. O PT faz uma coisa interessante. Quando pratica algo ilegal contra alguém, a vítima passa a ser a culpada. Quando é condenado pela Justiça, a Justiça passa a ser culpada. Realmente, é uma capacidade de metamorfose sensacional, mas que tem muito pouca credibilidade.
Serra criticou a centralização do esforço eleitoral petista na imagem do presidente e classificou a posição adversária de “campanha de ninguém”, já que Lula não é candidato.
— O presidente que for eleito governará — ressaltou Serra, ao lado do ex-governador de Minas Aécio Neves, candidato ao Senado, e do candidato à reeleição ao governo, Antonio Anastasia.
Em São Paulo, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, disse que a relação de petistas com as Farcs “é de conhecimento público”: — Discutimos fatos de conhecimento público, todo mundo sabe da relação do PT com as Farcs. E todos sabem que as Farc têm relação com narcotráfico.
Há no partido quem aposte que a associação do PT com as Farc pode prejudicar a candidatura de Dilma. Diante da repercussão, a ideia dos tucanos é dar mais espaço a Indio da Costa, evitando assim a exposição de Serra em temas delicados.
Guerra negou que Indio tenha sido orientado a afinar o discurso com o comando tucano: — Indio não recebeu orientação nenhuma do partido. O que Indio diz é de responsabilidade dele — disse Guerra. — Eles querem passar a ideia de que estão sendo vitimizados, mas não somos nós (PSDB) que fabricamos dossiês nem andamos pelo subterrâneo. Os aloprados não estão no nosso partido nem participam da nossa campanha.

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