sábado, julho 10, 2010

Postos da Anac não funcionam nos horários de pico em São Paulo

Postos da Anac não funcionam nos horários de pico em São Paulo
Passageiros de alguns voos noturnos não têm como recorrer à agência na hora
Wagner Gomes

SÃO PAULO. A maior parte dos voos no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, decola a partir do início da noite. Na última quarta-feira, por exemplo, foram 46 voos (nacionais e internacionais) entre 22h e meianoite, horário de pico. Mas o escritório local da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) funciona apenas até as 22h. Em Congonhas, o aeroporto mais movimentado do país, a situação não é melhor. O posto fica aberto só até as 20h (enquanto os voos vão até as 23h) e, segundo informações de funcionários do próprio posto, o local deve ser fechado ainda este mês.
Na quarta-feira, a reportagem do GLOBO não encontrou fiscais da Anac em nenhum dos dois aeroportos. Uma funcionária da agência em Guarulhos disse que eles não trabalham todos os dias e que estavam de folga naquela quarta-feira. A economista Bruna Lourenço, de 22 anos, chegou ao posto da Anac em Cumbica pouco depois das 21h30m. Ela, os pais e as duas irmãs tentaram registrar uma reclamação contra a TAM, que vendeu passagens a mais para o voo 8006, que partiria às 22h45m com destino a Buenos Aires, na Argentina.
— Chegamos pouco depois das 21h no aeroporto e fomos informados que o voo estava completo. Venderam passagens a mais e ficamos de fora. Fui até a Anac, que por pouco estaria fechada, e tive a informação de que a reclamação teria de ser feita pela internet ou pelo 0800 — disse Bruna.
Voo lota e família só é avisada na hora do check-in Como não havia mais voos nesse horário em outras companhias para Buenos Aires, a TAM ofereceu acomodação em um hotel próximo ao aeroporto até a manhã de quinta-feira, quando partiria o próximo voo para Buenos Aires, às 6h45m.
— Isso é uma falta de respeito ao consumidor. A empresa não deveria vender mais passagens do que poderia. Agora não quero mais viajar — disse Paulo Antônio Lourenço, de 56 anos, pai de Bruna.
Quatro das cinco passagens foram adquiridas pelo sistema de milhagem. Os bilhetes foram comprados pela internet. A família Lourenço programava passar quatro dias em Buenos Aires e a viagem foi marcada há dois meses. Lourenço reclamou de ter sido informado pela TAM sobre a lotação na hora do check-in.

— Foi uma ducha de água fria.
A intenção era aproveitar o fim de semana de feriado para conhecer a Argentina. Ofereceram acomodação em São Paulo, mas não falaram nada sobre os custos que vou ter por chegar mais tarde do que o previsto em Buenos Aires — disse o bancário.
Uma funcionária da TAM explicou que não há como garantir reembolso de despesas fora de São Paulo. Ela disse que a companhia ofereceu tudo o que podia para o passageiro, “que negou todas as possibilidades de acomodação no dia seguinte em um outro voo”.
— Oferecemos um táxi para a família voltar para casa ou a estadia em um hotel, com direito a jantar e café da manhã — disse a funcionária, que se identificou apenas como Marina.
Poucos dias antes de a medida da Anac entrar em vigor, o administrador Carlos Rudinei Laurindo, de 46 anos, teve problema quando voltava de São Paulo para Florianópolis com a mulher em um voo da Gol. Segundo ele, como o tempo estava muito fechado em Florianópolis, por causa da chuva, a aeronave acabou pousando em Curitiba, Paraná.
— O resto da viagem teria de ser feita de ônibus. Eu não aceitei com medo de descer a serra naquele chuva. Acabou que todo mundo foi de avião mesmo, mas a viagem não pôde ser concluída e tivemos que voltar para Curitiba — disse o administrador.
— Fiquei nervoso e fui acusado de agredir verbalmente uma aeromoça, mas eu só estava querendo uma explicação. Quando pousamos em Curitiba novamente recebi voz de prisão e fui parar na Polícia Federal.
Passageiro aluga carro para finalizar viagem Carlos Laurindo pediu desculpas e acabou se acertando com os funcionários da TAM, mas teve de arcar com as despesas de acomodação em um hotel e o aluguel de um carro para seguir no dia seguinte com a mulher para Florianópolis.
— Até hoje ninguém da Gol ligou perguntando como fiz o resto da viagem — disse ele, que entrou com um processo contra a empresa.
A Gol informou que não se pronuncia sobre ações em andamento.

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