sexta-feira, agosto 13, 2010

O Machado do Largo

O Machado do Largo
Paulo Pacini – Jornal do Brasil
Nos primeiros tempos da cidade, o rio Carioca chegava ao seu final dividindo-se em dois, a maior parte desaguando na Praia do Flamengo, após curva caprichosa por onde passa a rua Senador Vergueiro, mas possuindo também um "braço norte", que descia a rua do Catete até a Glória, encontrando o mar junto ao Outeiro.
Chuvas torrenciais, que como hoje atingiam a cidade, faziam com que transbordasse com freqüência, criando um alagado conhecido então como Lagoa da Carioca, e que, com a lenta ocupação, passou a ser chamado Campo das Pitangueiras e das Laranjeiras. Acabou recebendo o nome atual no início do século XIX, quando um açougueiro, gênio anônimo em semiótica, sinalizou seu estabelecimento através de um grande machado, mostrando inteligência além de criatividade, pois a maioria das pessoas na época era analfabeta.
O Largo do Machado de 1900 e a garagem de bondes da
Companhia Jardim Botânico
O largo cresceu a partir da chegada da côrte em 1808, fato incentivado pela presença da rainha Carlota Joaquina, que ali montou uma de suas várias residências. Ela também aproveitou e comprou uma capela próxima, construída em 1720. Com o retorno da família real a Portugal, o espólio da rainha foi anos depois a leilão para cobrir as dívidas, sendo a propriedade de Laranjeiras arrematada por Antônio José de Castro. Posteriormente, foi adquirida pela Irmandade de N.Sª da Glória em 1835, originando o presente templo, cuja pedra fundamental foi lançada em 1842, com a presença do imperador, mas cuja inauguração só ocorreria em 1872.
Além da igreja e o belo prédio da Escola Amaro Cavalcanti, resultado da iniciativa de D. Pedro II após a guerra do Paraguai, transferindo a verba arrecadada para construção de uma estátua em sua homenagem, o largo é parte da história do transporte carioca, pois lá ficava importante garagem da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, tendo sido ponto final da primeira viagem em bonde elétrico, em 1892, que teve como passageiro o então presidente da República, Floriano Peixoto. Perto do largo, na rua Dois de Dezembro, ficava a primeira usina geradora a fornecer energia elétrica para os novos veículos. 
Centro residencial e comercial de vida intensa, o Largo do Machado prossegue no século XXI como um dos lugares mais tradicionais e populares do Rio.

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