segunda-feira, setembro 27, 2010

Dez perguntas para... ...Arnaldo Jabor, cineasta

Dez perguntas para... ...Arnaldo Jabor, cineasta
Sabrina Wurm – VEJA Rio
Bruno Veiga/divulgação
1  Depois de vinte anos sem lançar um filme, o senhor está de volta ao cinema com A Suprema Felicidade. Quais foram as principais razões desse longo jejum? No início dos anos 90, quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello assumiu, o cinema brasileiro morreu. Aquilo me pegou em um momento ruim. Depois de ter feito algum sucesso, com Palma de Ouro em Cannes e Urso de Prata em Berlim, eu não tinha dinheiro nem para pagar a pensão das minhas filhas. Encheu o saco.
2  O que o motivou a voltar? De três anos para cá, comecei a ficar com uma vontade enorme de fazer um novo filme, de contar uma história. Mas cinema é uma loucura. Passei um ano fazendo o roteiro, um ano arranjando dinheiro e mais um rodando. Para você ter uma ideia, comecei em maio do ano passado e só estamos lançando agora (a pré-estreia foi na quinta, 23, durante o Festival do Rio).
3 O senhor se envolveu diretamente na captação de patrocínio? Claro. Ainda estou arranjando dinheiro para terminar de pagar a conta, que ficou perto de 12,5 milhões de reais.
4 O senhor precisou colocar dinheiro no projeto? Sim. Caso contrário, o filme não sairia. Mas o valor é segredo.
5 A história central é sobre um jovem que, assim como o senhor, estudou em uma escola jesuíta e descobre o sexo e a amizade no Rio dos anos 50 e 60. Trata-se de uma fita autobiográfica? De forma literal, não. Mas estão ali experiências que vivi ou que outras pessoas me contaram. Lembranças da minha infância, adolescência, de família. Fiz uma trama sobre coisas que eu conheço.
6 Pode ser mais específico? Trata-se de um longa sobre a transformação de um menino dos 8 aos 20 anos, oriundo de família de classe média, preconceituosa, medrosa diante da vida. Do outro lado, lá fora, um mundo de liberdade. Era o Rio de 1958, com a bossa nova surgindo, a seleção de futebol campeã do mundo. Quem conduz o jovem nessa jornada é o seu avô.
7 Seu avô, a quem o senhor já fez referências em suas colunas, o inspirou a criar o personagem interpretado por Marco Nanini no filme? Eu inventei muitas coisas para a ficção, como o fato de ele ser músico, tocar trombone... mas o estado de espírito dele está ali. Meu avô sempre foi muito carioca, uma pessoa para cima.
8 “A vida gosta de quem gosta dela” é uma das frases mais marcantes do longa e está em destaque no trailer. Foi seu avô quem lhe disse isso? Não, quem me falou isso foi o compositor Braguinha. Mas a frase está relacionada com a forma como meu avô e eu vemos a vida. O curioso é que as coisas mudam. Hoje, a felicidade é essa coisa pós-pop de aparecer, de ser celebridade, de fazer sucesso mesmo que não haja motivo para isso.
9 É verdade que o senhor era rebelde quando estudava no Colégio Santo Inácio, não usava uniforme e fumava na frente dos padres? Isso era mais ou menos normal na época. Mas eu via algo de bom na tradição do colégio. Esse lado conservador tem uma beleza medieval de que eu gosto até hoje.
10 Existem vários textos na internet atribuídos ao senhor. Algum deles é seu? Não aguento mais essas produções apócrifas. São pessoas que me odeiam e põem essas coisas de propósito, para sujar meu nome. Pode pôr aí: não escrevi nenhum deles.

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