Dilma e Serra põem Lula e FH no debate

Dilma e Serra põem Lula e FH no debate

O Globo

Ausência do ex-presidente em programa e presença do presidente na campanha abrem discussões do segundo bloco

 A ausência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha do PSDB e a presença maciça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha abriram as discussões no segundo bloco do debate de presidenciáveis na TV Record, quando três jornalistas dirigiram perguntas aos candidatos. Perguntado pela jornalista Ana Paula Padrão, o candidato tucano, José Serra, negou estar escondendo Fernando Henrique. Ao longo do bloco, ele e o candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, acusaram Dilma de ter sido fabricada por Lula.

“Não fui patrocinado por ninguém”, diz tucano Serra afirmou que sua participação no governo Fernando Henrique Cardoso, nos ministérios do Planejamento e da Saúde, tem sido lembrada ao longo da campanha. Ele disse ainda que sua relação com Fernando Henrique tem sido mal interpretada: — Em geral, quando se fazem essas análises, se tem em mente a comparação com outras candidaturas. Eu não fui patrocinado por ninguém especificamente.

Não tive um patrocinador.

Ninguém que apontou o dedo e disse: vai ser o Serra o candidato do partido.

Sou o candidato do PSDB escolhido em função da minha história, da minha biografia, do que eu fiz no governo FHC.

Dilma acusou Serra de omitir sua posição no governo de Fernando Henrique Cardoso: — Acho que tem uma atitude muito diferente do candidato em relação ao governo federal ao qual ele serviu. Ele sistematicamente esconde o presidente, que inclusive é uma liderança do partido. Eu não. Eu tenho imenso orgulho de ter participado do governo Lula e reivindico o governo Lula como uma grande realização na minha vida. Acho estranho que o Serra use imagem do Lula à noite e de dia faça críticas sistemáticas ao governo, porque fizeram uma oposição raivosa a este mesmo governo.

Serra alegou que as circunstâncias o levaram a usar a imagem de Lula na campanha.

— O Lula não é meu inimigo.

Ele não foi posto no programa por três segundos para receber algum elogio. Foi porque era uma circunstância de argumentação que, no caso, cabia. Ele, sendo presidente da República, estando o tempo todo na mídia, participando de campanhas, foi citado.

Não trato adversários como inimigos a serem extirpados, aliás, como o próprio PT costuma fazer.

Serra acusou o PT de não reconhecer o legado deixado pelo governo anterior: — Vocês têm uma atitude de muita ingratidão contra o governo do Fernando Henrique Cardoso. Ele fez o plano Real, e vocês foram contra. A Lei de Responsabilidade Fiscal, e vocês foram contra. O Fundef, que representava mais dinheiro para educação no Nordeste, e vocês votaram contra. Uma providência que evitou uma crise financeira, chamada Proer, vocês votaram contra.

Nesse bloco, provocada pelo candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, que propôs o controle social da mídia, Dilma defendeu a liberdade de imprensa: — Vivi um período negro no Brasil e sei o preço da liberdade, da democracia e, sobretudo, da liberdade de imprensa e de opinião. Considero que qualquer que seja o posicionamento de qualquer órgão de imprensa, ele tem todo o direito de falar o que quer que seja, e eu tenho todo o direito de me defender quando achar que devo.