domingo, maio 23, 2010

Corrupção corrói ditadura castrista

Corrupção corrói ditadura castrista

O Globo – 22/05/2010

O governo de Cuba desfechou nos últimos dias uma inédita e monumental ofensiva contra a corrupção, mobilizando 4 mil auditores e fiscais para investigar 750 empresas, cerca de 20% de todas as que funcionam na ilha. A decisão reflete o enorme crescimento dos casos de delitos econômicos, tráfico de influências e malversação de fundos.
A julgar pelo que disse o acadêmico cubano Estaban Morales ao jornal espanhol "El Pais", não se trata apenas de punir criminosos ou de aumentar a eficiência da economia, mas de tentar salvar "a Revolução", o regime ditatorial cubano. Morales, diretor do Centro de Estudos sobre Estados Unidos da Universidade de Havana, afirmou:
- Há pessoas em posições no governo que estão se locupletando financeiramente para quando a revolução cair, e outros que querem ter quase tudo preparado para passar os bens para o setor privado, como ocorreu na antiga União Soviética. Quando observamos detidamente a situação de Cuba hoje, não podemos ter dúvida de que a contrarrevolução, pouco a pouco, vai tomando posições em certos níveis do Estado e do governo. A corrupção é muito mais perigosa do que a dissidência interna - concluiu.
É o destino inevitável de um país pequeno e com poucos recursos, isolado economicamente e asfixiado por um regime ditatorial que mantém a ilusão de que pode controlar a metade da população, transformando a outra metade em dedos-duros.
O último mecenas de Cuba, a Venezuela de Chávez, está com problemas demais para continuar ajudando os irmãos Castro como antes. Cuba enfrenta dificuldades econômicas de todo o tipo, de escassez de bens de consumo a cortes frequentes de energia, passando pela penosa situação dos transportes públicos. A população empobrece, e o governo tem dificuldade para manter o nível dos serviços nas áreas que eram consideradas de excelência.
Em meio aos rigores econômicos, a casta dirigente no governo, nas empresas estatais e no Partido Comunista tem oportunidades a que não tem acesso o resto da população. A megaoperação iniciada por Raúl visa a apanhar e punir os que estão se locupletando com negócios ilícitos já que, para o regime, conforme definição de "El Pais", "corrupção rima com traição".
A cruzada pode até reduzir a ilicitude, mas não deverá ser bem-sucedida a médio prazo, pois é improvável que venha acompanhada de outras medidas de abertura política e econômica que permitam a rápida atração de investimentos externos para melhorar as condições de vida dos cubanos. O governo americano, com razão, só considerará o relaxamento do embargo econômico à ilha se houver medidas de democratização do regime de Havana.
Mas são aparentemente remotas as chances de a ditadura castrista conseguir controlar um processo lento e gradual de abertura. A situação parece estar mais próxima de uma rápida derrocada, em que máfias já organizadas acabarão açambarcando os bens do Estado. Como na velha URSS.

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