segunda-feira, junho 14, 2010
Novo radar é um alento à cidade
Novo radar é um alento à cidade
Editorial, Jornal do Brasil - 13/06/2010
RIO - É costume entre políticos atribuir à natureza a responsabilidade por problemas que a mão humana ou criou, ou acelerou, ou não impediu que vicejassem. Às vezes a justificativa é indevida, mas há casos em que, realmente, a fúria dos elementos surpreende até o mais precavido dos homens públicos. Pelo volume de água que o Rio recebeu no histórico temporal de abril, pouco poderia ser feito. Essa pequena fresta, no entanto, tem relação com a capacidade do município de estudar os sinais atmosféricos a tempo não só de alertar os esquema de segurança e proteção como também de avisar aos moradores que não se exponham a riscos desnecessários. Enxurradas são um dado histórico no Rio há décadas, e o carioca sempre soube conviver com os seus reflexos: a questão é que, em abril, várias circunstâncias se uniram para superar toda e qualquer previsão. A notícia de que a prefeitura vai investir R$ 2,2 milhões na instalação de um novo radar atmosférico no Sumaré, adiantada pelo JB na edição de ontem, é uma resposta adequada e no único nível capaz de confrontar a tormenta, que é a tecnologia.
O sistema Alerta Rio é uma conquista e um exemplo de que iniciativas dessa natureza podem progredir independentemente do matiz político daqueles que regem os destinos da municipalidade. A rede de informação, capaz de avisar com uma hora de antecedência da formação de nuvens com potencial para gerar chuvas acima do normal, foi criada em 1996. Em abril falhou porque a principal instalação, que é o radar do Pico do Couto, na serra de Petrópolis, não detectou a formação das nuvens abaixo dos 1.800 metros. Isso ocorre porque o equipamento é utilizado para orientar o tráfego aéreo na região do Rio. Agora, o controle se dará em um nível de até 700 metros de altitude.
A importância do novo radar é clara quando se observa um dado novo nas chuvas de abril. Elas expuseram um aspecto geológico da cidade que independe de questões de ocupação urbana inadequada nas encostas. Várias áreas que registraram deslizamentos eram cobertas com vegetação nativa e só solaparam porque a geologia de toda a região da cidade é muito vulnerável ao encharcamento quando a quantidade de água é brutal. E foi exatamente isso que ocorreu em abril. Agora, com o novo radar no Sumaré, mais as 32 estações de observação, a previsão poderá ser antecipada. Além da tranquilidade para a população, o sistema corre integrado às outras operações necessárias, como a polícia, defesa civil e a coordenação de trânsito. Com a antecipação dos alertas, por exemplo, equipes podem posicionar-se em pontos críticos ou agir rapidamente no sentido de desobstruir pontos de possíveis alagamentos, entre outras ações. Chover na Olimpíada e na Copa é uma possibilidade. Com o novo esquema, a cidade estará pronta.
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