segunda-feira, junho 14, 2010

Obama impõe linha dura contra vazamentos à mídia

Obama impõe linha dura contra vazamentos à mídia
Democratas e republicanos são favoráveis a medidas, afirma especialista
Em 17 meses, democrata iniciou mais processos e investigações contra jornalistas do que seus predecessores
DO NEW YORK TIMES, EM WASHINGTON – Folha de São Paulo

Em 17 meses na Casa Branca, Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos, já fez mais que qualquer antecessor para processar os responsáveis por vazamentos de informações não autorizadas para a imprensa.
Sua gestão vem tomando medidas que teriam suscitado críticas políticas agudas a seu predecessor, George W. Bush, frequentemente envolvido em disputas públicas com a imprensa.
Quando os programas secretos proliferaram, após os ataques terroristas de 2001, funcionários do governo Bush criticaram fortemente revelações feitas à imprensa.
Na época, foram noticiadas prisões secretas, técnicas brutais de interrogatório da CIA e espionagem eletrônica feita por autoridades dentro do território dos EUA sem prévia autorização judicial.
O indiciamento de Thomas Drake, um oficial da Inteligência que vazou informações com a suposta intenção de economizar gastos, é a prova mais recente de que Obama está se mostrando mais agressivo do que Bush na tentativa de punir vazamentos não autorizados.
Na verdade, Drake chamou a atenção dos investigadores inicialmente porque o governo pensou que ele pudesse ter sido a fonte de um artigo publicado pelo "New York Times" em dezembro de 2005, revelando o programa de espionagem eletrônica.
Descrevendo pela primeira vez a escala da caçada lançada pelo governo Bush para identificar as fontes do texto do "New York Times", ex-funcionários governamentais dizem que cinco promotores e 25 agentes do FBI participaram do caso.
As investigações começaram no governo Bush, mas coube a Obama e a seu secretário de Justiça, Eric Holder, a decisão de processá-lo. Eles o fizeram apesar de Drake não ser acusado de revelar o programa mais contestado da Agência de Segurança Nacional (NSA) -o da espionagem sem mandados judiciais.
As ações judiciais como as contra Drake, contra o tradutor do FBI Shamai Leibowitz e, possivelmente, contra o analista de inteligência do exército Bradley Manning, que ainda não foi indiciado, têm raros precedentes na história dos EUA.
Entre eles estão os casos de Daniel Ellsberg, consultor do Departamento de Defesa que entregou os Documentos do Pentágono ao "New York Times" em 1971, e Samuel L. Morison, analista da Marinha que, em 1984, repassou fotos feitas por satélite à revista "Jane's Defense Weekly".
O caso Drake é paradigmático da discussão politicamente carregada sobre sigilo e democracia em uma capital onde a imprensa vigilante é uma instituição ainda mais antiga que a burocracia da espionagem e onde cada Casa Branca faz suas próprias revelações calculadas de informações sigilosas.

ARQUIVADAS
Steven Aftergood, diretor do projeto de sigilo governamental na Federação dos Cientistas Americanos, disse que Drake pode ter desrespeitado um consenso que surgiu nos últimos anos entre democratas e republicanos de que os vazamentos saíram de controle e precisam ser limitados.
"E o Congresso também quer castigar os responsáveis. Os parlamentares de ambos os partidos querem que essas ações na Justiça sigam adiante."
Embora tenha sido acusado sob a Lei da Espionagem, Drake parece ser um caso clássico de alguém que vazou informações por motivos nobres e cujo objetivo era reforçar, e não solapar, a capacidade da NSA de capturar terroristas.
Sob o presidente Bush filho, ninguém foi condenado por revelar segredos diretamente à imprensa.
Nos últimos anos, segundo prestação de contas feita ao Congresso em 2007, o FBI abriu cerca de uma dúzia de investigações sobre revelações não autorizadas de informações classificadas.
A maioria foi arquivada porque centenas de funcionários tinham acesso às informações vazadas e porque o processo judicial colocaria outras mais em risco.
Tradução de CLARA ALLAIN

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