sábado, agosto 21, 2010

Crime aumenta, Chávez cala jornais

Crime aumenta, Chávez cala jornais

Em protesto, o diário venezuelano El Nacional publicou dois espaços em branco com a palavra “censurado”, na capa da edição impressa
Pesquisas indicam que a criminalidade é hoje a maior preocupação dos venezuelanos. Caracas é a cidade mais violenta do mundo: são 220 assassinatos por 100 mil pessoas, índice mais alto até do que da tristemente famosa Ciudad Juarez, epicentro da guerra entre narcotraficantes mexicanos na fronteira com os EUA (no Rio, é de 30 por 100 mil). Os dados sobre a Venezuela são da ONG Observatório Venezuelano da Violência, já que o governo não divulga estatísticas desde 2003. Diante disso, como reagiram os jornais de Caracas? Para fazer jus ao jornalismo, publicaram reportagens sobre a criminalidade. E dois deles, “El Nacional” e “Tal Cual”, estamparam na primeira página uma foto de cadáveres empilhados no necrotério da cidade. Uma foto chocante como a realidade do país.
E como reagiu o governo “democrático” do coronel Hugo Chávez? Puniu-os com a censulhante ra. É reação típica dos líderes autoritários, de esquerda ou direita, esconder da população fatos que possam desmerecer seu governo.
Numa sociedade de massas, isto só pode ser feito via censura da imprensa independente. Porque, nos meios oficiais, que na Venezuela já são maioria, notícias “desagradáveis” jamais aparecerão.
Vide União Soviética, vide Cuba.
E vide a própria Venezuela, onde Chávez já vinha fazendo uma razia nos meios eletrônicos, contra as emissoras de rádio e cadeias de TV. Depois de fechar a RCTV, o alvo agora é a Globovisión, única que ainda faz reparos à ação do governo.
Pela primeira vez em 11 anos de chavismo, a imprensa escrita foi censurada. “El Nacional” circulou quarta-feira com um espaço em branco no meio da primeira página, destacando em letras vermelhas a palavra “Censurado”.
Os dois jornais foram proibidos, por decisão judicial, de publicar “informações e publicidade contendo sangue, armas e mensagens de terror, que afetem a integridade psíquica e moral de crianças e adolescentes”. Enquanto o caso tramita na Justiça, toda a mídia impressa fica sujeita às mesmas restrições durante um mês. Não é mera coincidência que o fim do prazo praticamente coincida com a data das eleições parlamentares de 26 de setembro. O governo Chávez, acuado por um sem-número de problemas de ordem social e econômica, “esconde” o que mais preocupa os cidadãos e pensa, assim, ter resolvido a questão. Comportamento semelhante teve o governo Geisel, no Brasil, ao proibir notícias sobre uma epidemia de meningite em São Paulo. Não debelou a doença, é óbvio. Felizmente, aquela ditadura acabou. E o Brasil pode, hoje, dar provas de que, ao informar, a imprensa mobiliza a sociedade para pressionar o poder público a tomar medidas contra problemas que afligem todos. É o caso da ampla cobertura dada no país ao crime organizado e à violência nas grandes cidades, que resultou em medidas práticas para reduzir a criminalidade, com bons resultados, por exemplo, em São Paulo e no Rio, embora ainda haja muito a fazer.
A pouco mais de um mês das eleições parlamentares, a má notícia para Chávez é que, apesar dos esforços do governo para dourar a pílula, 55% dos entrevistados numa pesquisa feita em junho consideraram o presidente diretamente responsável por seus problemas mais urgentes, com o crime no topo da lista. Fonte: O Globo e Económico

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