sábado, agosto 21, 2010

União deve adiar de novo capitalização da Petrobras - Capitalização da Petrobras fica mantida para setembro, diz Mantega Segundo ministro da Fazenda, prazos anunciados serão cumpridos. Mantega não confirmou os valores sugeridos para os barris.

União deve adiar de novo capitalização da Petrobras
Empresas dão preços muito diferentes para barril de petróleo; Vale passa estatal
Luiza Damé, Geralda Doca, Gustavo Paul e Patrícia Duarte
BRASÍLIA e RIO

Confirmada a grande disparidade de preços entre as avaliações das reservas a serem cedidas à Petrobras, o governo voltou a trabalhar com a possibilidade de adiar pela segunda vez a capitalização da estatal, prevista para 30 de setembro, ou seja, às vésperas das eleições presidenciais. As indicações foram dadas por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por intermédio de nota conjunta dos órgãos federais que representam a União nas discussões. Tiveram como estopim a entrega formal à Agência Nacional do Petróleo (ANP), ontem, da avaliação do preço do barril de petróleo pela certificadora Gaffney, Cline & Associates. Este estudo e o levantamento contratado pela Petrobras foram enviados ao governo federal.
Os valores não foram confirmados, mas rumores do mercado apontavam que o preço sugerido à ANP ficaria entre US$ 10 e US$ 12, o dobro do que teriam sido auferido pela consultoria da estatal, entre US$ 5 e US$ 6. Essa divergência surpreendeu o governo, que torcia por avaliações mais próximas, e colocou-o numa saia justa. A capitalização já havia sido adiada em junho, de julho para setembro.

Haverá impacto no superávit fiscal
Para fazer a capitalização da estatal, a maior da história do país, em 30 de setembro, o governo marcou para 30 de agosto a assinatura do contrato de cessão onerosa de até cinco bilhões de barris. Na segunda-feira, seria divulgado o custo do barril. Mas, para isso, os técnicos terão de trabalhar no fim de semana para chegar a um denominador comum e que caiba no limite do aumento de capital autorizado pela Assembleia Geral da Petrobras, de R$ 150 bilhões. Segundo um auxiliar direto do presidente Lula, o tema deverá se tratado com todo o cuidado: — Mesmo o momento adequado de se fazer isso (a capitalização) carece de uma discussão. O presidente está se apropriando agora dos elementos. Vamos tomar cuidado para que seja uma ação de grande repercussão.
Perguntado se a data de 30 de setembro estava mantida, o auxiliar foi direto: — Nada disso está tão acertado.
Pouco antes das 20h 30m, foi enviado outro sinal de que os prazos poderiam ser dilatados, por meio de nota conjunta da Casa Civil e os ministérios da Fazenda e de Minas e Energia. Os órgãos informaram que a Petrobras e a ANP enviaram os estudos das certificadoras, mas pontuaram que “o governo solicitou informações adicionais para a ANP e a Petrobras, e aguardará a conclusão dos laudos de certificação para a definição dos parâmetros da cessão onerosa”. O problema é que, à tarde, a ANP havia divulgado nota dizendo que os estudos finais só seriam entregues no fim do mês — quando o governo previa assinar o contrato de concessão.
O preço do barril é essencial na capitalização. Definirá quanto vale a reserva a ser cedida pela União à petrolífera e de quanto será o aporte do Tesouro, controlador da estatal, no aumento de capital. O governo não tem meta de valor do barril , mas os parâmetros precisam ser convenientes para as duas partes. Para a estatal, quanto mais baixo o preço, melhor, pois pagará menos pela cessão onerosa.
Para a União, quanto mais caro, mais ela será ressarcida pela oferta.
Mas a possibilidade de o preço do barril vier elevado, acima de US$ 10 por exemplo, preocupa técnicos que atuam na operação. Entre outras razões porque a capitalização poderia superar, e muito, o limite de R$ 150 bilhões autorizado pela Assembleia Geral da companhia para o aumento total de capital, considerando o aporte da União e dos outros acionistas.
— Se os preços vierem muito elevados, alguém vai ter de parar para fazer contas — afirmou uma fonte.
A composição passa ainda pelo volume de barris a serem cedidos, que poderá ser menor que o previsto. Outro problema é o impacto que a capitalização terá no superávit primário (economia para pagamento de juros), pois envolverá emissão de títulos públicos para a União acompanhar o aumento de capital da Petrobras.
A disparidade de avaliações reacendeu a disputa interna nos bastidores da Esplanada. Uma ala do governo voltou a defender o adiamento do aumento de capital, argumentando ser impossível chegar a um preço final satisfatório sem divergências.
— O presidente Lula foi sábio em várias situações. Se for sábio desta vez, vai mandar a Petrobras marcar passo (adiar o processo) — disse uma fonte.
Para analistas, barril sairá por até US$ 7
Mas também há quem acredite que, trabalhando o fim de semana, há tempo para chegar a um consenso.
— O que muda são as interpretações das variáveis. É uma fase negocial — afirmou o diretor do Departamento de Assuntos Extrajudiciais da Advocacia Geral da União (AGU), Rafaelo Abritta, sinalizando que o peso político será grande na solução final.
Ontem, Lula não tratou pessoalmente do tema. De acordo com o acertado em reunião política na quarta-feira, os técnicos se reuniram na sede da Petrobras no Rio. Estava prevista apenas uma conversa telefônica entre ele e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Em nota, a Petrobras disse que os rumores sobre os valores para a cessão onerosa são “mera especulação”.
E afirmou que a cessão onerosa “será uma transação comercial entre as duas partes (empresa e União), que seguirá as regras de mercado”. Por isso, “é natural que ambas as partes busquem maximizar seus resultados”.
Analistas de mercado já fizeram as contas e apostam em adiamento da capitalização para após as eleições.
Com o barril entre US$ 10 e US$ 12, ela teria um volume final de US$ 140 bilhões a US$ 170 bilhões, considerando a cessão onerosa de cinco bilhões de barris, acima do limite autorizado em assembleia de R$ 150 bilhões. Osmar CamilosCamilos, da corretora Socopa, acredita que uma alternativa seria reduzir o volume de barris da cessão onerosa. Os analistas preveem que o preço do barril na cessão onerosa ficará de US$ 5 a US$ 7.

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