quinta-feira, setembro 23, 2010

"Livre fluxo de informações é direito de todos"

"Livre fluxo de informações é direito de todos"
O Globo O País - Página 10 Fernando Eichenberg Correspondente • WASHINGTON
Presidente da SIP diz que é 'algo perigoso' o tom das últimas declarações do presidente Lula sobre a imprensa
ENTREVISTA Alejandro Aguirre
O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alejandro Aguirre, criticou as recentes acusações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a imprensa no Brasil. “É algo perigoso”, disse o dirigente da entidade, ao defender a liberdade de expressão e de imprensa como um dos pilares do funcionamento da democracia. Aguirre se referia à declaração do presidente em que comparou a imprensa a um partido político. “O livre fluxo de informação e de opinião é um direito que pertence a todo o povo, não ao governo”, defendeu Aguirre, que anunciou uma manifestação oficial da SIP sobre o caso.
O GLOBO: Como o senhor vê as recentes declarações do presidente Lula contra a imprensa brasileira, acusada por ele de atuar como partido político?
ALEJANDRO AGUIRRE: Sempre há uma grande preocupação quando vemos que um governante se declara o dono da opinião pública pelo fato de ter sido eleito.
Obviamente, a eleição democrática de um governante, neste caso o presidente Lula, é algo muito importante e significativo. Mas o livre fluxo de informação e de opinião é um direito que pertence a todo o povo, não ao governo.
Defendemos um direito que pertence ao povo e que é a pedra angular da democracia, e o usamos para exercer nosso trabalho. Não é algo que pertence a nós ou ao governo, mas a todos. Reivindicamos que o ambiente em que se desenvolve a vida nacional tenha plena liberdade de expressão para todos, e liberdade de imprensa para que se possa informar ao povo sobre os acontecimentos. Neste caso agora, vemos um governante com desejo de seguir os passos de outro governo na América Latina, no qual se desenvolvem atitudes muito fortes contra veículos que querem manter uma linha independente, que não seguem a linha do Estado, do governo, e com repercussões negativas da parte do governante. É o caso do presidente Hugo Chávez, na Venezuela, e da presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Vários são os governos que fizeram declarações muito parecidas com as que o presidente Lula fez agora.
É algo que pode perturbar o debate eleitoral?
AGUIRRE: É algo perigoso. É definitivamente um caso de muita preocupação. São os casos em que certos setores da sociedade demonstram, em algum momento, sua inquietação com os meios de comunicação social, e registram isso. Mas quando se buscam formas de intimidar ou causar a autocensura na mídia, não se pode dizer que se está atuando de uma forma democrática. Infelizmente, tivemos casos de governos de origem democrática que, em algum momento, começaram a atuar de forma autoritária, para controlar a mídia, particularmente os veículos que querem manter uma linha independente, um critério independente.
A SIP se manifestará oficialmente sobre isso?
AGUIRRE: Estou de partida para o México, para um encontro com o presidente Felipe Calderón, mas vamos lançar uma declaração sobre o que ocorre no Brasil.
Estamos vendo com muita preocupação a situação por lá. Já em comunicados passados expressamos isso. Temos a esperança de que a pessoa que sucederá Lula seja respeitosa dos direitos civis e humanos, que veja a liberdade de expressão como a pedra angular da democracia e que pense que, a longo prazo, a democracia não pode existir sem isso. Pensar que se pode ter um mundo democrático sem que existam meios de comunicação social independentes é uma falácia.

2 comentários:

  1. A SIP, assim como a ANJ, defende apenas o interesse dos barões da mídia.

    Me pergunto: Por que esses órgãos não defendem o jornalista Lúcio Flávio Pinto, do Pará? O Lúcio Flávio é perseguido (de tudo que é jeito: sofreu espancamentos e centenas de processos, na tentativa de calá-lo) pelos barões da mídia lá do Pará.

    http://www.sediscute.com/2010/09/oab-defende-monopolio-da-informacao-por.html

    Cadê a SIP, a ANJ, a OAB pra defender a liberdade de imprensa do Lúcio Flávio?

    Onde estava a SIP, a ANJ, a OAB quando o governador tucano Marconi Perillo quase matou o jornalista Jorge Kajuru?

    http://anti-tucano.blogspot.com/2009/07/dossie-k-corrupcao-e-truculencia.html

    Onde está a SIP, a ANJ e a OAB para defender o jornalista gaúcho que esta sendo perseguido pelo político Germano Rigotto?

    http://www.conversaafiada.com.br/pig/2010/09/22/pig-gaucho-silencia-sobre-violencia-de-rigotto-contra-jornalista/

    A grande mídia usa tanto a palavra liberdade de expressão, liberdade de imprensa... mas nega voz, censura os que ela aponta como "censores". Traduzindo: eu, que critico o papel golpista e censor da mídia, não terei voz na mídia.

    http://www.blogcidadania.com.br/2010/09/imprensa-golpista-chama-criticos-de-%E2%80%98censores%E2%80%99-e-lhes-nega-voz/

    Enfim, ela censura a mim e aí pode dizer o que quiser: inclusive que sou alguém que quero censurá-la.

    Ninguém quer calar ninguém. A imprensa critica todo mundo; e hoje, graças a Deus e à internet, ela é criticada. Ou não pode criticar a imprensa?

    Eles choram, mas segundo a Constituição o nosso presidente da República tem liberdade de expressão também.

    A grande mídia é poder, e como tal tem capacidade de cometer abusos, além de sua ligação umbilical com os grandes interesses privados. Quanto a essa mídia eu tenho o pé atrás: lembremos, ela implorou por um golpe militar, apoiou a ditadura (a Folha de São Paulo até emprestava seus furgões aos órgãos de tortura).

    Ora, na década de 90 quem foi o maior poder desse país? A Grande Mídia! Fez um presidente, logo em seguida tirou esse presidente. Logo depois, fez outro presidente que comeu em suas mãos (FHC).

    Hoje, essa tentativa da Grande Mídia de empurrar Serra goela abaixo, de forçar um segundo turno bombardeando com denuncismo (na maioria das vezes sem prova) o PT... tudo isso é uma tentativa de recuperação desse poder que ela tinha na década de 90.

    A expansão da banda larga, a reforma da mídia, a entrada de novos grupos de imprensa (estrangeiros) no Brasil... tudo isso deixa a velha mídia desesperada. Por isso ela precisa fazer seu presidente, para tÊ-lo nas mãos, como na década de 90, e assim barrar a criação de um mercado COMPETITIVO de informação.

    Observação (Folha, Globo são empresas famíliares, muito desorganizadas. Você acha que eles resistem a uma competição com uma Telefônica (TERRA)? Eles sabem que não).

    Enfim, eu não choro por monopólios! O monopólio é poder e pode desestabilizar a República (como já o fizeram em 1964).

    A real é: ou o Brasil cria um mercado competitivo, horizontal, de informação; incentiva a banda larga (A Mídia só não elege o Serra hoje por causa da sacrossanta internet!); ou esse monopólio da informação leva de novo o Brasil a uma ditadura.

    A Grande-Mídia quer "Venezuelizar" o Brasil, e depois ficar posando de vítima.

    http://www.sediscute.com/2010/09/grande-midia-planeja-venezuelizacao-do.html

    PS: a Mídia é um negócio. Meu blog é

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  2. Respeito a sua opinião. A democracia é isso. Mas não concordo. São muitos anos de estrada e muitas lutas e não reconheço como pensam hoje alguns dos companheiros do passado. E sou Marina - 43!

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