segunda-feira, outubro 18, 2010

Lula superou a loucura cambial tucana

Lula superou a loucura cambial tucana
Desde o início do mês o dólar está abaixo do valor real que tinha em 1998, durante delírio do tucanato
ELIO GASPARI – O Globo
DESDE O DIA 30 de setembro, quando o dólar caiu abaixo de R$ 1,70, a turma do Comitê de Politica Monetária do Banco Central conseguiu quebrar a marca do câmbio tucano. A taxa efetiva do dólar, descontado o diferencial das inflações brasileira e americana, está poucos pontos percentuais abaixo do valor de 1998. Nosso Guia não conseguiu empurrar o país para o cotidiano da República Velha, quando se consumia manteiga francesa, mas a marca Président (sem ironia) já é vendida a R$ 5,50, contra R$ 4,15 de um bom produto nacional.
O dólar a R$ 1,66 corrói a produção brasileira. Revendendo algumas compras, sai mais barato passar o feriadão em Miami do que em Salvador. A deusa da fortuna botou essa coincidência aos pés de José Serra no auge da campanha eleitoral. Velho adversário dos juros altos e do dólar baixo, até hoje o tucano mal tocou no assunto. Será difícil para Dilma Rousseff insistir em que o câmbio chegou a esse ponto porque recursos externos estão entrando no Brasil. Afinal, centenas de milhões de dólares vêm para Pindorama porque aqui canta um sabiá chamado NTN-B. Trata-se de uma papel que remunera o investidor com a taxa da inflação, mais 6,15% ao ano. No mercado americano o Fed oferece 1,18%, a seco.
A discussão da taxa de juros brasileira e dos poderes extraconstitucionais que o Copom tem tornou-se um assunto tedioso, velha de 15 anos. Ela bem que poderia ser reaberta a partir de uma proposta simples: os nove sábios do Banco Central passam a preservar os áudios de suas reuniões, obrigando-se a divulgá-los num prazo de cinco anos. Assim cada um deles fica responsável pelo que diz e faz. Uma medida dessas aproximaria o Copom da instituição que gostaria de ser. O Federal Reserve Bank, seu equivalente americano, divulga suas discussões depois de um embargo de cinco anos.
Graças a esses áudios estudam-se hoje alguns erros cometidos durante o mandarinato de Alan Greenspan no Fed.
LEI DE MARCO
O humor seco do ex-vice-presidente Marco Maciel ("As consequências vêm depois") ajuda a racionalizar a ansiedade de quem acompanha pesquisas eleitorais. Com ele aconteceu o seguinte: reunido com um marqueteiro, ouviu:
- Nosso candidato está em segundo lugar, em ascensão. O adversário lidera, mas está em queda.
Ao que Marco Maciel perguntou:
- Na sua opinião a intersecção das duas linhas ocorrerá antes do dia da eleição?
MADAME NATASHA
Madame Natasha :) de redes sociais, mas fica :( com o mau uso do idioma. A senhora concedeu uma de suas bolsas de estudo ao gerente para o Brasil do Facebook, Julio Vasconcellos, pela seguinte parolagem:
"Não acredito que a solução governamental seja adequada, mas sim que ocorra uma mudança comportamental do próprio ecossistema financeiro. A alocação do capital-semente dentro de grandes fundos de investimentos pode ser uma boa forma de alimentar o "pipeline" para investimentos futuros." Ela acha que o doutor quis dizer o seguinte: "A solução proposta pelo governo é ruim." ;)
EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota, acredita em tudo o que as autoridades dizem, mas sempre precisa que lhe expliquem direito. Ele não entendeu uma declaração de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor de engenharia da Dersa, a estatal Desenvolvimento Rodoviário de São Paulo, à repórter Andrea Michael.
"Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro." O doutor ocupou o cargo de 2006 a abril deste ano e foi acusado por Dilma Rousseff de ter sumido com R$ 4 milhões arrecadados por conta própria com empreiteiros.
NOTURNO DA LAPA
Um lance de criatividade iluminou as noites do coador de macarrão da Catedral do Rio de Janeiro, transformando-o num lindo espetáculo. A instalação permite o uso de sete cores (verde e amarelo em dia de eleição, azul celeste no dia de Nossa Senhora).
Com todo o respeito, como diria Ancelmo Gois, as melhores roupas da catedral talvez sejam o azul e vermelho, juntos. Com elas, reencontram-se a igreja e aquele pedaço do Rio cantado por Manuel Bandeira:
"Lapa -Lapa do Desterro- ,
Lapa que tanto pecais!
(Mas quando bate seis horas,
Na primeira voz dos sinos,
Como na voz que anunciava
A conceição de Maria.
Que graças angelicais!)"
SERRA ATRASADO
Contumaz retardatário, José Serra conseguiu bater todas as suas marcas. Chegou com 46 anos de atraso à Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que juntou 200 mil pessoas no centro de São Paulo manifestando-se contra o governo de João Goulart.
A "Marcha da Família" foi a maior manifestação popular de 1964. Doze dias depois de sua realização, Goulart foi deposto.
Segundo o cônsul americano na cidade, "quase todas as famílias das classes médias e alta estavam representadas, com pequena participação das classes mais baixas".
Quem deu musculatura à manifestação foram organizações religiosas e líderes políticos. Anos depois, as senhoras que lideraram a marcha tornaram-se um estorvo para os generais.
A ANEEL QUER NOVOS MEDIDORES DE ENERGIA
A Agência Nacional de Energia Elétrica decidiu ouvir a patuleia em audiência pública para decidir a substituição dos atuais medidores de consumo por novos modelos. Pelo projeto, quando a decisão for tomada, as distribuidoras de eletricidade terão 18 meses para usar os equipamentos em novas instalações, bem como na substituição dos modelos antigos. Num prazo bem maior, estimado em dez anos, seriam substituídos todos os 63 milhões de relógios existentes no país.
Os novos medidores são mais eficientes e versáteis e, segundo a literatura oficial, não terão custo para a choldra. Não existindo almoço grátis, fica difícil entender como existirá boca livre para medidores. Cada relógio custará entre R$ 200 e R$ 400 contra R$ 50, no máximo, dos modelos atuais. Estimando-se que a rede nacional demande 2,5 milhões de novos medidores a cada ano, o negócio custará em torno de R$ 722 milhões anuais. A substituição gradativa de todos os medidores do país sairá por R$ 18 bilhões, o custo da hidrelétrica de Belo Monte.
Até aí, tudo bem. O risco de curto circuito começa quando se sabe que o equipamento para fabricar os medidores será importado, provavelmente da China. Como a audiência pública permitirá o debate, será possível saber porque a Aneel quer impor ao mercado do interior de Roraima os mesmos padrões de Curitiba e Salvador. Em São Paulo e no Rio, as concessionárias já usam medidores sofisticados e passam bem, obrigado.

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