segunda-feira, outubro 18, 2010

Marina e PV optam pela independência

Marina e PV optam pela independência
Verdes decidem não declarar apoio a Serra ou Dilma no segundo turno; senadora critica pragmatismo de PT e PSDB
Sérgio Roxo – O Globo
 De olho no futuro e para evitar um racha, o Partido Verde (PV) e a terceira colocada na eleição presidencial, senadora Marina Silva, optaram ontem pela neutralidade no segundo turno. Os discursos na convenção, em São Paulo, foram marcados pela preocupação com o destino da legenda.
Os discursos durante a convenção, realizada em São Paulo, foram marcados pela preocupação com o destino da legenda.
A evangélica Valnice Milhomens, líder religiosa que participou da plenária, e outros verdes chegaram a lançar a candidatura de Marina para o Palácio do Planalto em 2014.
Apenas quatro dos 92 delegados presentes manifestaram-se a favor de que o partido escolhesse entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Até os verdes que já se declaram por Dilma, como Zequinha Sarney (MA), ou Serra, como Fernando Gabeira (RJ), defenderam a independência como caminho para a unidade interna.
Os verdes preferiram chamar a posição que adotaram de “independência”. Em carta aberta a Dilma e Serra, lida durante o evento, Marina cobrou comprometimento dos ex-adversários com o programa de governo apresentado a eles pelo PV e fez críticas duras à polarização entre PT e PSDB.
A construção da unidade no PV exigiu forte trabalho de bastidores, principalmente de Alfredo Sirkis e Maurício Brusadin, respectivamente, presidentes dos diretórios do Rio e de São Paulo. Algumas lideranças se mostraram inicialmente contrariadas com a decisão de se realizar uma convenção com participação de não filiados à legenda, como líderes religiosos, sem consulta à Executiva Nacional. O argumento para convencer os descontentes foi que a “independência” era o caminho para a manutenção do “capital político” acumulado com os quase 20 milhões de votos recebidos por Marina no primeiro turno.
Marina foi cautelosa ao comentar a possibilidade de disputar de novo a Presidência e disse que “não fica se preparando para o próximo passo político”.
A convenção começou com a leitura das cartas de Dilma Rousseff e Sérgio Guerra, presidente do PSDB, em resposta ao programa apresentado pelos verdes para discutir o apoio.
— Embora os comentários (de Dilma e Serra) mostrem afinidades importantes com nosso programa, gostaríamos que avançassem em clareza e aprofundamento no que diz respeito aos compromissos — cobrou Marina.
Em entrevista, ela afirmou que houve “um acolhimento maior da candidatura do PT” às propostas, mas destacou que a aceitação dos tucanos também foi “significativa”. No discurso, tentou diferenciar neutralidade de independência: — O fato de não ter optado por alinhamento não significa neutralidade. Creio que uma posição de independência, reafirmando ideias e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro.
Uma página inteira das sete da carta de Marina aos seus exadversários é dedicada ao que ela chama de “embate” entre PT e PSDB, levado, disse, “às últimas consequências”. Disse ainda que as duas legendas protagonizam “dualidade destrutiva”.
— O mergulho desses partidos (PT e PSDB) no pragmatismo da antiga lógica empobrece o horizonte da inadiável mudança política que o país reclama. A agressividade de seu confronto pelo poder sufoca a construção de uma cultura política de paz e o debate de projetos — disse Marina, atacando também a disputa por autoria de projetos.
— Esse pragmatismo, que cada um usa como arma, é também a armadilha em que ambos caem e para a qual levam o país.
Arma-se o eterno embate das realizações factuais, da guerra de números e estatísticas, da reivindicação exclusivista de autoria quase sempre sustentada em interpretações reducionistas da História.
No final da carta, Marina faz elogios aos dois finalistas, classificados de “pessoas dignas, com origem no que há de melhor na história política do país.” De Serra, diz ter contatado com a “solidariedade” quando eram colegas no Senado. Sobre Dilma, afirmou, que, “para além das diferenças que marcaram a convivência no governo”, foi possível trabalhar em parceria para a elaboração do novo modelo do setor elétrico.

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