sábado, novembro 13, 2010

Em 1/4 das uniões, mulher se casa com homem mais novo

Em 1/4 das uniões, mulher se casa com homem mais novo
JANAINA LAGE DO RIO
IBGE mostra que, em 2009, 23% das que se casaram pela 1ª vez escolheram parceiros mais jovens
Proporção de filhos de mulheres a partir dos 30 anos aumentou; MS é Estado com maior risco de casamento fracassar
O casamento entre mulheres mais velhas e homens mais jovens está mais popular. A pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2009, do IBGE, mostra que uniões com esse perfil entre solteiros -primeiro casamento- representam 23% do total (ou 173,7 mil). Em 1999, eram 19,3%.
Segundo Claudio Crespo, pesquisador do instituto, os dados refletem o aumento da presença da mulher no mercado de trabalho e do nível de escolaridade. O resultado disso é o adiamento dos planos de maternidade e casamento.
"A sociedade está mudando a forma de ver o casamento e há uma quebra de tabus comuns antigamente", disse.
Em 2009, a maior proporção deste perfil ocorreu com mulheres de 25 a 29 anos (33%). Elas casaram, em média, com homens de 24 anos. As de 45 a 49 anos que optaram por homens mais jovens se uniram a maridos de 39.
"São mulheres mais bem colocadas no mercado de trabalho, que têm dificuldade de encontrar parceiros na mesma idade e que têm segurança para escolher. Não é uma revolução. A maioria delas ainda não reproduz o padrão masculino de casar com uma mulher 15 anos mais jovem", afirma a antropóloga Miriam Goldenberg.
A pesquisa não investigou a proporção de segundos ou terceiros casamentos de mulheres mais velhas com homens mais jovens, mas existem indícios de que essa fatia também está em alta. A proporção de divorciadas que casaram com solteiros passou de 2,2% para 5,3%.
Nos EUA e na Europa, o movimento ganhou força e as mulheres independentes e interessadas em homens mais jovens foram apelidadas de "cougars" (na tradução literal, pumas).
De modo geral, no Brasil as mulheres casam pela primeira vez aos 26 anos; os homens, aos 29. As chances de a união dar certo variam de acordo com o local. Em todo o país, a cada 100 casamentos, 23 são desfeitos.
Mato Grosso do Sul é o local com maior risco de a união fracassar: a taxa de insucesso chega a 38%. Em São Paulo, ficou em 24%.
Casados há quase 55 anos, três filhos, Ana de Jesus, 77, e Raimundo Teixeira, 82, exemplificam o sucesso do Maranhão, o Estado com menor índice: 7%.
Para o casal, a união longeva se deve a amor, compreensão, sorte e diálogo. "Nunca fizemos nada sem o outro saber", diz Anita. "Para mim, [o casamento] deve, acima de tudo, ser motivado pelo amor, pela vontade."
"RECASAMENTOS"
As alterações na legislação sobre separações e divórcios contribuíram para aumentar o número de "recasamentos". Em 1999, eles representavam 10,6% do total. No ano passado, chegaram a 17,6%.
E a perspectiva é que em 2010 aumentem ainda mais com a instituição do divórcio direto e sem prazo.
No ano passado, a taxa de divórcios teve leve queda para 1,4/mil habitantes. A taxa de separações ficou estável em 0,8/mil habitantes.
A participação das mulheres a partir dos 30 anos no total de registros de nascimento cresceu de 14,8% para 16,8%. Em alguns locais, as essas mães já têm participação maior do que as mães adolescentes, de 15 a 19 anos, como em SP, SC, RS e DF.
PARTOS
1/4 DAS MÃES TEM BEBÊ FORA DE SUA CIDADE
Mais de um quarto (26,1%) dos nascimentos do ano passado ocorreram em hospitais fora do município de residência da mãe. Para o IBGE, isso pode sinalizar que a população vai a outras cidades em busca de atendimento também em outras especialidades.
MULHER MAIS VELHA
"Nossas referências se complementam", afirma Astrid
LETICIA DE CASTRO DE SÃO PAULO
Casada há quase dois anos com o produtor Fausto Franco, 31, - seu segundo marido mais jovem - a jornalista Astrid Fontenelle, 49, diz que não se importa com a idade.
Folha - A diferença de idade muda algo na relação?
Astrid Fontenelle - Só aparece quando a gente fala de alguns fatos que aconteceram no passado e ele não vivenciou ou não se lembra. Por exemplo, a morte da Elis Regina (1982), músicas que eu ouvia na adolescência e ele não conhece.
Isso é um problema?
Não. Ele também fala de coisas moderninhas que eu não conheço, nossas referências se complementam.
Já sofreu preconceito?
Nunca ouvi um "velha ridícula". Tenho amigas que evitam esse tipo de relacionamento porque dizem que homens mais novos só querem saber de dinheiro e de fama. Acho ridículo.
MARIDO MAIS NOVO
"Nem percebi que ela era mais velha", diz designer gráfico
DE SÃO PAULO
O designer gráfico Luciano Schinke, 33, conheceu Simone, 38, há dois anos em uma praça em São Paulo, enquanto os dois passeavam com cachorros. "Nem percebi que ela era mais velha", diz. Um mês depois do encontro eles foram morar juntos e após seis meses de relacionamento decidiram se casar no civil. Há sete meses nasceu Antonio, o primeiro filho do casal. (LC)
Folha - A diferença de idade muda algo?
Luciano Schinke - Não muda nada no relacionamento. A única coisa que eu senti foi a pressa para engravidar. Se ela fosse mais nova, talvez esperássemos um pouco mais.
Já sofreu preconceito por ser mais jovem que sua mulher?
Não, pelo contrário. As pessoas se surpreendem quando descobrem a idade dela. Ela parece muito mais nova. Acho que hoje existe um fetiche em relação a mulheres mais velhas.

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