quarta-feira, dezembro 29, 2010

NOVO PATAMAR PARA A SEGURANÇA PÚBLICA

NOVO PATAMAR PARA A SEGURANÇA PÚBLICA
EDITORIAL - O GLOBO
 O governo estadual fecha o ano com um balanço positivo na área de segurança pública. Obviamente, ainda há muito o que fazer para reduzir os indicadores da violência no estado - particularmente na região metropolitana do Rio - a níveis compatíveis com os de uma sociedade em que a criminalidade esteja sob efetivo controle. Mas são inegáveis os avanços obtidos. Isso pode ser medido pela curva descendente de alguns tipos de crimes (como homicídios e assalto) e pelo apoio da população às ações de pacificação de comunidades que estavam subjugadas pelo crime organizado - notadamente após a bem-sucedida ocupação do Complexo do Alemão.
A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora em favelas (13, de um total previsto de 40) onde traficantes tinham poder de vida e morte sobre os moradores mudou, nestes dois anos desde o início do programa, o perfil da força coercitiva do estado no combate ao crime organizado, elevando o aparato de segurança a novo e mais poderoso patamar. O sucesso desta iniciativa se reflete nos índices de aprovação: nas comunidades já pacificadas, o aquartelamento permanente de efetivos da Polícia Militar é bem recebido por 92% dos moradores; nas áreas que ainda não foram beneficiadas, o percentual de aceitação, embora um pouco menor, alcança significativos 77% - reflexo do estado de ânimo dessa parte da população, favorável à política de ocupação como alternativa ao cruento domínio de traficantes e milicianos.
As UPPs são uma parte pontual, mas com desdobramentos estratégicos, de um planejamento que visa a devolver a cidadania a moradores de comunidades dela deixadas à parte pelo crime organizado. No final de novembro, a agenda desse programa de ação foi atropelada em razão de um erro de avaliação dos chefes do tráfico no Rio: após uma série de ações terroristas encetadas por bandidos, em clara tentativa de intimidação do poder constituído, o dispositivo de segurança do estado reagiu e, com o apoio de tropas e equipamentos das Forças Armadas, acabou obtendo expressiva vitória sobre a criminalidade, que culminou com a ocupação do Alemão.
A operação cacifou o governo estadual para avançar ainda mais no combate à violência. E, principalmente, deixou claro que nenhum plano de ação que procure sufocar o crime organizado pode prescindir da efetiva integração dos três níveis de poder da Federação. Graças à ocupação do até então tido como inexpugnável bunker do tráfico, as forças de segurança ganharam confiança para impor um irremediável refluxo às facções que dominam o tráfico no estado. E, desse privilegiado patamar, enfrentar também os grupos paramilitares, cuja influência vem aumentando em diversas comunidades do Rio.
Por óbvio, os movimentos do poder público contra a violência não podem se limitar ao viés policial. Mas a consolidação - como se pode projetar a partir deste novo ponto do front conquistado pelo governo - de um plano de ação na área de segurança é condição imperiosa para o Estado cumprir a outra parte de um programa mais geral de reinserção social dessas comunidades, com serviços e uma política de investimento em áreas como educação, saúde e urbanização.

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