quinta-feira, maio 27, 2010
“É preciso despertar o interesse infantil”
“É preciso despertar o interesse infantil”
Luisa Massarani, Jornal do Brasil
RIO - Cientistas e crianças têm duas coisas em comum: uma curiosidade imensa! Sistematicamente, as crianças tentam entender como as coisas funcionam e como é o mundo em seu entorno. Além disso, experiências educacionais demonstram que o público infantil tem grande capacidade de lidar com temas de ciência. No entanto, não temos explorado essa capacidade em sua plenitude.
O conteúdo científico transmitido para as crianças é, em geral, de qualidade baixa e apresentado de forma inadequada. Não estimula a curiosidade, nem a interatividade, de forma que as crianças possam participar do processo de aprendizagem pela observação, pela experimentação, pelo questionamento permanente e colocando a mão na massa. Além disso, não permite estabelecer uma relação significativa com o entorno e não favorece a aquisição de uma visão mais clara da atividade científica, com suas vantagens e limitações.
Dentro deste cenário, a divulgação científica bem feita pode ser um instrumento útil para despertar o interesse de crianças por temas de ciência. Vários meios de comunicação podem ser utilizados, como matérias de jornais, artigos de revistas, sites na internet e blogs.
Há, ainda, os museus de ciência, os museus de história natural, os zoológicos, os jardins botânicos e os planetários. Cada vez em maior número no país, são locais em que os pequenos cientistas podem explorar e deixar solta a imaginação. São minhocários: espaços para criar minhocas na cabeça dessas crianças.
Albert Einstein, ícone da ciência, defendia que um cientista tem a obrigação de nunca parar de fazer perguntas. E achava que a curiosidade e a imaginação deveriam ser mais estimuladas nas crianças. Sobre as motivações que o levaram a seguir uma carreira científica, ele disse uma vez: “Quando eu era um garotinho, meu pai me mostrou uma bússola, e a forte impressão que ela me causou teve um papel importante”. Na infância, ele passava horas lendo livros sobre a natureza.
Foi também na infância que Charles Darwin, que concebeu a teoria da evolução por seleção natural, teve seu interesse por observar a natureza despertado.
Entre brasileiros, Crodowaldo Pavan, geneticista e membro da Academia Brasileira de Ciências, costumava dizer que a visita a um museu de ciência quando criança foi decisiva na escolha de sua carreira profissional.
Uma divulgação científica bem feita não fará com que todas as nossas crianças se tornem um Einstein, um Darwin ou um Pavan. Possivelmente muitas delas não seguirão uma carreira científica. Mas dará subsídios para a consolidação de uma cultura científica na sociedade e de uma atitude mais questionadora da nova geração que se forma.
Luisa Massarani é diretora do Museu da Vida da Fiocruz.
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