sexta-feira, setembro 24, 2010

Ahmadinejad acusa os EUA de fabricarem o 11/9

Ahmadinejad acusa os EUA de fabricarem o 11/9
Diplomatas deixam sessão da ONU em protesto a teorias conspiratórias; Obama diz que porta do diálogo ainda está aberta
Fernanda Godoy Correspondente
 NOVA YORK. Cumprindo com o que já parece uma tradição — a de levantar polêmicas e protest o sem todas as suas aparições na tribuna das Nações Unidas — o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, irritou mais uma vez a diplomacia internacional ao usar boa parte dos seus 15 minutos de apresentação na Assembleia Geral da ONU para propagar teorias conspiratórias. Para Ahmadinejad, os atentados de 11 de setembro foram orquestrados pelos próprios Estados Unidos como “uma campanha de propaganda para reverter a combalida economia americana e salvar o regime sionista (Israel). As palavras — pronunciadas em Nova York, a poucos metros do Marco Zero — fizeram com que diplomatas americanos e de 27 delegações europeias deixassem a audiência em protesto.
— A maioria do povo americano, assim como a maioria das nações e dos políticos de todo o mundo, concorda com essa visão — justificou Ahmadinejad diante da plateia.
Ele apresentou ainda uma outra teoria, segundo a qual os atentados poderiam ter sido perpetrados por um grupo terrorista com o apoio dos EUA — que teriam obtido vantagens com a tragédia. Exibindo dois exemplares do Alcorão, o líder iraniano criticou a ameaça da queima do livro sagrado, a ocupação israelense dos territórios palestinos, e não poupou críticas à decisão da ONU de impor novas sanções a seu país.
Do lado de fora, protesto contra líder do Irã Num comunicado, a missão americana na ONU condenou Ahmadinejad, afirmando que “em vez de representar a boa vontade do povo iraniano, ele optou por destilar teorias conspiratórias e insultos antissemitas abomináveis”. O porta-voz da Casa Branca, Phillip Crowley, classificou a retórica do líder iraniano como um ultraje: — Nós sabemos quem fez (os ataques) e eles mesmo admitiram isso. A ideia de que nove anos depois ainda haja qualquer debate sobre quem fez e por quê são ultrajantes.
O tom furioso da diplomacia americana e europeia após o discurso era predominante fora do prédio da ONU. Pelo menos 800 pessoas — entre elas iranianos e americanos de origem iraniana — protestaram contra a presença de Ahmadinejad em Nova York. O grupo foi reforçado ainda pela presença do exprefeito da cidade à época do 11 de setembro, Rudy Giuliani.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, contornou o clima de atrito: — Tive uma conversa franca com ele. Em geral, as coisas que nos tem prometido tem ocorrido, as coisas que ele indica que vai fazer, faz. Sobretudo na declaração de Teerã isso ocorreu.
 Em outros aspectos também.
Vocês assistiram: a moça que foi libertada e a mãe dela foram agradecer. Se elas foram lá agradecer é porque acham que tem algum sentido, não é? Mais cedo, o presidente dos EUA, Barack Obama, focou seu discurso no Oriente Médio. Defendendo a criação do Estado Palestino diante das cadeiras vazias da delegação israelense — ausente devido ao feriado judaico de Sucot — Obama foi aplaudido ao pedir que o novo país já exista na próxima assembleia, em um ano. Ele reiterou que as portas da diplomacia continuam abertas ao Irã — se o país optar por esse caminho.
— Mas o governo iraniano precisa mostrar compromisso confiável e confirmar ao mundo as intenções pacíficas de seu programa nuclear — advertiu.
Obama quebra protocolo e estoura tempo no púlpito Obama estendeu seu discurso por mais de 30 minutos — contrariando a regra que estipula 15 minutos para cada líder no púlpito. Ele abordou quase todos os temas da extensa agenda de sua política externa — como a retirada das tropas americanas do Iraque e os rumos da guerra no Afeganistão —, mas ateve-se ao processo de paz entre israelenses e palestinos, ameaçado pelo fim do congelamento da construção de colônias na Cisjordânia, previsto para domingo. O presidente frisou que a existência de Israel não pode ser motivo de questionamento e elogiou o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
— Não se enganem: a coragem de um homem como o presidente Abbas, que defende seu povo diante do mundo, é muito maior do que a daqueles que lançam foguetes contra mulheres e crianças — afirmou Obama, numa referência velada ao grupo Hamas, na Faixa de Gaza.
O presidente foi veemente na defesa da Palestina como única forma de garantir a paz para os povos do Oriente Médio: — Se um acordo não for alcançado, os palestinos nunca conhecerão o orgulho e a dignidade que vêm com seu próprio Estado. E os israelenses nunca terão a segurança que vem com vizinhos soberanos e estáveis, comprometidos com a coexistência.
 Mais sangue será derramado.
A Terra Santa ficará como símbolo de nossas diferenças, em vez de um símbolo de uma humanidade compartilhada.

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