sexta-feira, setembro 10, 2010
Mesquita em NY e Alcorão ofuscam 11/9
Mesquita em NY e Alcorão ofuscam 11/9
Enquanto imã recua e admite negociação, pastor evangélico insiste em queimar livro sagrado do Islã
Fernanda Godoy – Correspondente – O Globo
NOVA YORK. O imã Feisal Abdul Rauf, responsável pelo projeto de uma mesquita a duas quadras do Marco Zero do World Trade Center, afirmou que não teria proposto o projeto se soubesse que ele iria provocar tanta controvérsia e tanta dor. Em entrevista à rede CNN, ontem à noite, o clérigo muçulmano admitiu que há uma negociação em andamento e que “nada está fora de cogitação”.
— A questão é como recuar sem parecer, tanto nos EUA como no mundo muçulmano, que fomos derrotados. O que fazemos aqui é observado ao redor do mundo todo. Esse tema virou um assunto de segurança nacional.
Temos que ponderar muitas coisas.
O imã disse que muitas opções estão sendo consideradas na negociação, mas que ainda não se chegou a um modelo que seja seguro.
— Temos que ser muito cautelosos, porque as vozes dos radicais se elevaram, e temos que assegurar que o diálogo sejam conduzidos pelos moderados — disse o clérigo.
Feisal elogiou o presidente Barack Obama e o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, por terem defendido os direitos dos muçulmanos, mandando uma mensagem de tolerância religiosa que teria sido muito bem recebida no mundo islâmico.
O imã Feisal é considerado uma voz moderada do Islã nos EUA, um promotor do diálogo interreligioso. Na terçafeira, por convocação da Sociedade Islâmica da América do Norte, um grupo de líderes de várias religiões se reuniu em Washington para defender a tolerância e repudiar iniciativas como a do pastor Terry Jones, da Flórida, que pretende fazer uma fogueira de Alcorões no sábado — quando serão lembrados os nove anos dos atentados terroristas que deixaram 3.000 mortos no World Trade Center.
Pastor diz ter recebido mais de 100 ameaças de morte A condenação internacional ao anúncio de queima de Alcorões no dia 11 pelo pastor evangélico ganhou as importantes adesões do Vaticano, da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mas o pastor continua determinado a levar adiante seu ataque aos muçulmanos.
O comandante das tropas americanas no Afeganistão, general David Petraeus, já havia dito que o ato poderia colocar em risco a segurança dos soldados. Ontem, Hillary Clinton, pediu ao religioso que desista do ato, definindo-o como “ultrajante”.
Em entrevista à rede CBS, o controverso pastor disse que o ato é “necessário” para combater radicais muçulmanos.
Terry Jones, líder de uma pequena comunidade na Flórida, afirmou que, desde o anúncio da ideia, recebeu mais de cem ameaças de morte, o que o levou a andar armado.
O Vaticano divulgou comunicado classificando o plano como um “gesto ultrajante e grave”. O secretáriogeral da ONU, Ban Ki-moon, disse que esse tipo de atitude “contradiz os esforços” das Nações Unidas para “fomentar a tolerância e o entendimento entre culturas”. Já a atriz Angelina Jolie, que está no Paquistão visitando vítimas das enchentes, também repudiou o plano da queima do livro sagrado do Islã. Angelina disse que “mal tinha palavras” para expressar o quanto condenava a atitude.
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