No sábado, McCain passou o dia na cidade de Tucson, longe dos protestos na capital, mas o republicano não vai conseguir fugir da polêmica em torno do tema da imigração em seu Estado, especialmente no momento em que tenta manter sua vaga no Senado, disputando as primárias do partido com John David Hayworth, que se apresenta como um "verdadeiro conservador".
terça-feira, junho 01, 2010
Direto do Arizona - EUA
Direto do Arizona - EUA
Alessandra Correa | BBC Brasil 01:57, segunda-feira, 31 maio 2010
Cheguei a Phoenix na última sexta-feira, com a missão de acompanhar as manifestações contra e a favor da nova lei de imigração do Arizona e tentar entender como essa medida, que ainda nem entrou em vigor, está afetando a vida no Estado. No voo de cinco horas que me levou de Washington até a capital do Arizona estava também o senador republicano John McCain, candidato à Presidência derrotado por Barack Obama. Ele vinha sentado a poucas poltronas de distância, na classe econômica, e desde antes do embarque foi bastante assediado pelos outros passageiros, posou para várias fotos e distribuiu apertos de mão a possíveis eleitores.
No sábado, McCain passou o dia na cidade de Tucson, longe dos protestos na capital, mas o republicano não vai conseguir fugir da polêmica em torno do tema da imigração em seu Estado, especialmente no momento em que tenta manter sua vaga no Senado, disputando as primárias do partido com John David Hayworth, que se apresenta como um "verdadeiro conservador".
No sábado, McCain passou o dia na cidade de Tucson, longe dos protestos na capital, mas o republicano não vai conseguir fugir da polêmica em torno do tema da imigração em seu Estado, especialmente no momento em que tenta manter sua vaga no Senado, disputando as primárias do partido com John David Hayworth, que se apresenta como um "verdadeiro conservador".
O tema da imigração tem dominado o Arizona desde o final de abril, quando a governadora Jan Brewer assinou a lei que torna crime estadual a presença de imigrantes ilegais e permite que a polícia pare, interrogue e exija documentos de pessoas consideradas "suspeitas". A lei só entra em vigor em 29 de julho, mas já provocou diversos protestos e boicotes contra o Arizona e costuma despertar reações apaixonadas tanto de críticos quanto de defensores. O impacto também parece se fazer sentir bem além da comunidade hispânica que, segundo os críticos que consideram a lei discriminatória, seria a mais afetada.
O taxista que me levou do aeroporto ao hotel nasceu na Etiópia e vive legalmente nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Pensei que ele não teria motivos para se preocupar com a lei, mas ele me disse que sua vida mudou no último mês por causa da medida. Como trabalha com o transporte de hóspedes dos hotéis da cidade, viu seu salário cair drasticamente com a redução do número de turistas e empresários em Phoenix, por conta dos boicotes que pelo menos dez cidades americanas já lançaram contra o Arizona desde o anúncio da nova lei. Ele calcula que pelo menos 45 eventos nos quais trabalharia como motorista foram cancelados desde o fim de abril.
À noite, fui a um jantar que reuniu um grupo de brasileiros. Todos vivem no Arizona há décadas, legalmente, e não se enquadram no grupo de imigrantes que poderiam temer a nova lei. O assunto, porém, girou em torno da medida. "É um tema delicado", me disse uma brasileira que mora há mais de 25 anos no Arizona. "Estou aqui legalmente, mas também sou imigrante, por isso me identifico e me solidarizo com eles (os ilegais)." Seu marido, americano, discordou. "Não temos nada contra os imigrantes, desde que cumpram a lei. Somos contra os que estão violando a lei para ficar aqui", disse, ecoando um argumento que ouvi de muitos defensores da nova legislação.
Esta e outras várias conversas que tive com imigrantes legais e ilegais, com americanos e hispânicos, com defensores e críticos da lei, me deixaram a certeza de que este é um tema complexo demais para ser esgotado em uma visita de alguns dias ao Estado e que a polêmica em torno do assunto só tende a aumentar.
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