sexta-feira, junho 11, 2010

Governos estadual e federal precisam aumentar investimentos no combate ao tráfico, aponta encontro em Cáceres

Governos estadual e federal precisam aumentar investimentos no combate ao tráfico, aponta encontro em Cáceres
Clarice Navarro Diório

Estima-se que pelo menos 5 toneladas de cocaína produzidas na Bolívia entrem no Brasil através de sua faixa de fronteira com Mato Grosso, onde estão 28 municípios do Estado. Ainda acredita-se que 80% da droga distribuída em todo o país entre pela mesma rota. Só em 2009, os órgãos de repressão que atuam em Mato Grosso contabilizaram a apreensão de uma tonelada de cocaína. Este ano, com a localização de 670 quilos ocorrida esta semana em Rondonópolis, o montante recolhido já chega a 1,2 toneladas.
Os números apresentados foram o pano de fundo da discussão iniciada ontem, em Cáceres, durante o “2º Encontro de Fronteira”, cuja proposta é discutir ações que sejam colocadas em prática a curto e médio prazos para conter o tráfico de entorpecentes na região. O evento tem a coordenação do Ministério Público Estadual e do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). Ainda reúne representantes do Ministério da Justiça, Exército, Justiça Federal, Justiça estadual, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Polícia Civil e Militar, Marinha, Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), prefeitura e Câmara Municipal.
Aberta ontem pela manhã, a reunião teve livre acesso. No período da tarde as autoridades foram conhecer a atuação das polícias brasileiras na região da fronteira, em especial o trabalho do Grupo Especial de Fronteira (Gefron). Sediado em Porto Esperidião, o grupo atua em quatro postos fixos e em mais dois do Indea. A visita na região teve como objetivo principal mostrar a realidade local aos promotores de justiça de 13 estados que participam da reunião.
A polícia boliviana também se fez presente. Alvaro Peres Alba, chefe da polícia boliviana em San Matias, município que faz fronteira com o Brasil através de Cáceres, falou sobre a estrutura precária de trabalho. São apenas 30 policiais e quase nenhum equipamento. Ele destacou que a polícia boliviana tem trabalhado em parceria com a brasileira. O encontro tem hoje uma parte restrita às autoridades, que vão definir ações de combate ao crime organizado.
O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), procurador Paulo Prado, comentou que a fronteira do Brasil com a Bolívia, nesta região, é uma linha imaginária, o que facilita a entrada de droga de várias formas. São 900 quilômetros de fronteira com a Bolívia dentro de Mato Grosso, sendo 750 quilômetros de fronteira seca. O prefeito de Cáceres, Túlio Fontes, lembrou que desse total, 341 quilômetros estão dentro do município de Cáceres.
O promotor de justiça Rodiney Silva, de Goiás, afirmou que é preciso identificar toas as formas de ação do crime organizado e implantar ações de combate. “Mas para que isso funcione, tem que haver a atuação conjunta de todas as forças de segurança, em seus diversos níveis. Só assim obteremos êxito”.
DIFICULDADE - O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado, ao expor a estrutura dos órgãos de segurança na região, destacou que o trabalho fica mais difícil devido as várias formas que os traficantes usam para entrar com a droga no Brasil.
“A droga entra através de “mulas” (termo aplicado às pessoas que carregam a droga) que entram a pé, pelo mato, utilizando as estradinhas secundárias conhecidas como “cabriteiras”; de carro, com pacotes camuflados em pneus, fundos falsos, estofamento; de barco e pelo ar. E até no estômago de brasileiros e bolivianos. Eles chegam ao cúmulo de usar crianças”.

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