dai-me a esmola de um olhar
Senhora dos olhos lindos,
Por que é que sois tão cruel?
As pombas não têm fel,
E vós sois pomba, senhora...
Tormentos vários, infindos,
Sem dó, me fazeis sofrer...
Morto, vós me qu'reis ver,
Não é verdade, traidora?
Respondei! Ficais calada!
Neste caso, adivinhei...
Pois muito bem! morrerei...
Morrerei, sem ter pesar!...
Minha vida amargurada
Eu vos vou dar, deusa qu'rida...
Antes porém da partida
Dai-me a esmola de um olhar.
Mário de Sá-Carneiro
(1890-1916)
Sentido poema do Poeta-triste de Portugal! Tão intenso e perturbador, o Mário de Sá-Carneiro!
ResponderExcluirParabéns pela escolha!