sexta-feira, junho 11, 2010

Marina defende 'Estado mobilizador'

ELEIÇÕES 2010
Marina defende 'Estado mobilizador'
Lançada oficialmente como candidata, verde pede eleição da 'primeira presidente negra' do país
Catarina Alencastro e Evandro Éboli

A senadora Marina Silva lançou-se oficialmente ontem candidata do PV à Presidência da República com um discurso moderado e críticas leves a seus opositores na disputa, e com elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os dois foram citados por Marina como símbolos da conquista da democracia no país e da estabilidade da economia. Mas ela ressaltou que é preciso avançar, sair do "Estado provedor" e partir para o "Estado mobilizador".

Num discurso de 50 minutos, durante o qual arrancou risos da plateia com o jeito manso de falar e encerrou pedindo orações para que o Brasil eleja a primeira presidente negra do país, Marina elogiou o Bolsa Família. No entanto, afirmou que é preciso partir para uma próxima etapa: a de um programa social de terceira geração, que acabe com a dependência dos beneficiados.
- Saímos da cesta básica, fomos para um bom programa de transferência de renda. Agora vamos para um bom programa, que mobilize a sociedade brasileira. Junto com essa política terá que vir também um novo tipo de Estado. Sair da ideia de um Estado provedor, que faz as coisas para as pessoas, para um Estado mobilizador, que faz as coisas com as pessoas. Não é fazer para os pobres, mas com os pobres.
Quando ela citou Lula pela primeira vez, num auditório com cerca de 1.500 pessoas, uma pequena parcela da plateia aplaudiu.
- Há uma grande conquista, 25 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza nestes últimos oito anos. Isso não é pouca coisa. Não é porque sou candidata por outro partido que vou negar essa grande conquista do operário Luiz Inácio Lula da Silva, que quebrou o paradigma. Antigamente, se dizia que era preciso crescer para depois distribuir o bolo. Lula mostrou que foi distribuindo que continuamos crescendo. Essa conquista não pode ser olvidada - disse Marina.

"Educação é a prioridade", diz
Na sequência, Marina disse que há muito a ser feito e que "erros cometidos precisam ser corrigidos". Lembrou que 18% dos jovens brasileiros são analfabetos. Nesse momento, citou um episódio de quando era analfabeta, ao chegar a Rio Branco (AC) pela primeira vez: levou 20 minutos para tomar coragem e pedir ajuda para pegar um ônibus.
- Este país ainda tem desigualdade de oportunidade. Há uma estagnação da qualidade do ensino, e 40% das crianças que entram no ensino fundamental não conseguem chegar até a oitava série. Precisamos superar esses desafios. Educação é a prioridade das prioridades.
Lembrou sua trajetória, as dificuldades que passou, citou o pai, o pastor e o governador do Acre, Binho Marques (PT). Em momento algum a ex-seringueira mencionou o nome de Chico Mendes, líder sindical com quem iniciou sua carreira política e militância na área ambiental. O slogan da sua campanha é "Juntos pelo Brasil que queremos".
O empresário Guilherme Leal, dono da Natura e vice na chapa do PV, atrapalhou-se no discurso que leu, e até com a pequena tela (um teleprompter) na qual o texto era exibido à sua frente.
- Definitivamente não me entendo com essas coisinhas. Vou ter que aprender muito nessa política - disse Leal, desculpando-se em seguida.
Leal frisou a diferença entre sua trajetória e a biografia de Marina:
- Se pensarmos com a lógica do século XX, nunca teríamos nos encontrado. Marina é uma cabocla filha da pobreza, do Brasil profundo. Eu, uma pessoa de classe média de São Paulo, estudei, tive boas oportunidades na vida.
Ao agradecer a amigos e políticos do PT do Acre que sempre estiveram a seu lado, Marina lamentou estar distante de alguns deles neste momento, mas sugeriu que estarão juntos no segundo turno da eleição, sem especificar em que circunstâncias.
- Admito uma dor no coração por estar tendo (no Acre) convenção do Jorge (Viana) e do Tião (Viana) - disse, referindo-se aos irmãos petistas que vão disputar, respectivamente, o Senado e o governo do estado. - Peço a Deus que continuem vitoriosos. Estamos separados momentaneamente. Vamos nos encontrar no segundo turno, se Deus quiser.
Em assembleia, o PV decidiu ontem que o limite máximo de gasto para a campanha será de R$90 milhões. O partido também aprovou uma moção de repúdio às mudanças no Código Florestal que estão sendo propostas na Câmara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters