sexta-feira, junho 11, 2010
Sobre a proibição de manifestações religiosas na Copa
Sobre a proibição de manifestações religiosas na Copa
Não sou dos que veem conspiração em tudo, mas, no caso específico da proibição de manifestações religiosas ou ideológicas no campo de futebol, noto a entronização de um ideal secularizante. Desde o iluminismo europeu, desenvolve-se uma ideia, hoje predominante, de que o homem não precisa de fé para viver, porque fé é vista como “atraso”, que não pode conviver com o “avanço”. Entremos num shopping center: nele não há qualquer materialização da simbologia religiosa, exceto o consumo, eleito como o culto supremo de todos.
Acontece que os jogadores que estão em campo, sejam eles muçulmanos ou cristãos (para ficarmos com duas vertentes), encontram na sua religião uma motivação para sua vida. Aquilo é um esporte, mas eles não vivem o esporte fora de sua fé. É por isto que os jogadores crentes agradecem a Deus pela defesa feita ou pelo gol marcado ou pelo título conquistado, porque para eles tudo que lhes acontece tem a mão de Deus, que lhes deu a vida, que lhes dá habilidade para jogar e que, sobretudo, lhes dá um sentido para viver. Crer faz parte do seu ser. Suprimir-lhe o direito de agradecer a Deus é tirar-lhe o direito de viver.
Como cristão, não me ofendo se um jogador muçulmano, por exemplo, estampa na camiseta interna uma frase de gratidão a Alá. Como cristão, eu me alegro que um atleta cristão, após um gol, levante o seu dedo para os céus para dizer a quem deve o seu tento. Não vejo que mal possa fazer o fato de alguns jogadores cristãos se reunirem ao final de uma partida importante e se darem as mãos para cantar e orar. Quem não quiser ver pode trocar de canal ou a própria rede de televisão pode mostrar outra imagem.
A liberdade de expressão tem que incluir o direito de todos se manifestarem no espaço em que atuam, desde que respeitem a credulidade ou a incredulidade dos outros. A minoria dos que não creem não pode se sobrepujar à maioria dos que creem. Religião e futebol têm muito em comum, porque ambos são o território por excelência da alegria, da alegria simples, da alegria interior que não precisa de droga (álcool, tabaco e alucinógeno) para existir e se irradiar como um facho de luz.
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