sexta-feira, novembro 12, 2010

Cada um por si

Cada um por si
Regina Alvarez - O Globo - 12/11/2010
Os resultados da cúpula do G-20 serão conhecidos hoje, mas não há expectativa de grandes avanços na pauta mais importante, que é a guerra cambial. Um comunicado com recomendações genéricas para que os países caminhem na direção de uma taxa de câmbio determinada pelo mercado, sem deixar claro como se reverte o atual quadro de desequilíbrio, é o mais provável.
Em nome da soberania, Estados Unidos e China — as duas potências que estão no centro do problema cambial — evitam sancionar compromissos que interfiram nas suas políticas internas.
A China resiste a qualquer imposição de fora para a valorização do yuan, e os Estados Unidos continuam a sustentar que o derrame de liquidez na economia americana é a receita adequada para reanimá-la.
Ao contrário de 2008, quando a ação coordenada do G-20 teve importante papel no esforço para sair da crise global, agora o que prevalece é o “cada um por si”, e o Brasil está no meio do tiroteio.
— O grande problema é decidir essa governança.
Que país se disporia a abrir mão de sua soberania na condução da política monetária? — pergunta o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central.
Neste momento, apesar dos discursos que condenam a guerra cambial no mundo e alertam para os riscos de “desequilíbrios externos insustentáveis”, os países estão olhando para dentro de suas economias, inclusive o Brasil, embora o presidente Lula tenha dito o contrário em Seul, ao declarar que estava mais preocupado com a desvalorização do dólar do que com a valorização do real.
Os discursos duros de Lula e do ministro Mantega, com críticas aos EUA e à China, não interferiram nos rumos da cúpula do G-20, mas contribuíram para marcar a posição do Brasil favorável ao câmbio flutuante e a uma postura mais ética no comércio internacional.
Conhecido o resultado da cúpula e frustradas as expectativas de um comando efetivo do G-20 para frear a guerra cambial, o Brasil pode ficar mais à vontade para adotar medidas prudenciais capazes de frear o fluxo excessivo de dólares na nossa economia ou mesmo a entrada de produtos chineses barateados artificialmente.
Se os grandes só estão olhando para o seu umbigo, por que não faríamos o mesmo?
FMI do B
Avançam na Europa as negociações para a criação de um “Fundo Monetário Europeu”.
A iniciativa está sendo liderada pela Alemanha.
Por ser o país mais rico da região, a potência sabe que pagará a conta em caso de moratória de algum membro da Zona do Euro. A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, chama a iniciativa de “pequena revolução”, porque, pela primeira vez, será criado um órgão com poder efetivo para forçar a reestruturação das dívidas desses países.

— O FMI não tem jurisdição legal para exigir que um país reestruture suas dívidas. Isso é bem mais fácil de contornar na Zona do Euro, onde existe uma Corte de Justiça Europeia, que pode funcionar como uma corte de falências soberanas — explica Mônica.
Enxurrada
O balanço da Anbima sobre oferta de ações na Bovespa mostra como aumentou o apetite dos americanos por esses investimentos. Eles continuam sendo os estrangeiros com maior participação nessas aplicações e ainda ampliaram a sua fatia. Do total de ofertas até setembro, 50,6% das ações foram parar nas mãos de estrangeiros. Entre eles, 73,9% são americanos, e 20,5%, europeus. Em 2009, a participação dos americanos era de 68,4%; enquanto a dos europeus era de 27,2%. A liquidez de dólares a juros zero estimula a vinda dos americanos para o Brasil. E ajuda a derrubar o câmbio.

G20 vê janela de oportunidade para finalizar Doha em 2011

Por Jonathan Lynn
GENEBRA (Reuters) - Os líderes do G20 pediram nesta sexta-feira um aumento dos esforços para a conclusão da Rodada de Doha, dizendo que o próximo ano oferece uma estreita janela de oportunidade.
O apoio do G20 à definição de 2011 como uma meta, mesmo que não seja explícito, marca um retorno otimista das negociações globais sobre comércio. A rodada foi lançada há nove anos.
O prazo inicial para a conclusão das negociações encerrava-se em 1o de janeiro de 2005.
Existe um crescente otimismo na Organização Mundial de Comércio (OMC), em Genebra, de que as negociações podem receber um impulso final após meses de discussões entre pequenos grupos de embaixadores.
O que os negociadores esperavam era por um sinal político dos líderes do G20, em Seul.
Em comunicado divulgado após a cúpula de dois dias, os líderes do G20 elogiaram o que classificaram como um engajamento "mais amplo e mais substantivo" dos negociadores em Genebra nos últimos quatro meses.
"Levando-se em conta que 2011 é uma janela crítica de oportunidade, embora estreita, esse engajamento precisa ser intensificado e expandido. Precisamos agora completar o fim do jogo", acrescentou o G20.
De acordo com uma fonte ligada ao comércio, apesar desse tipo de comentário ter sido comum nos últimos anos por parte das autoridades, dessa vez o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes estão mais dispostos a apoiar um acordo do tipo.
Segundo a fonte, Obama disse a outros líderes que levaria um acordo para o Congresso e lutaria por ele, assim que o pacto mais adequado estivesse sobre a mesa.
"O que eu assumo desta cúpula é que há vontade política e um senso de que o próximo ano é o ano, quando teremos que tentar consolidar isso", disse a fonte, que participou da reunião em Seul.
(Reportagem adicional de Alan Wheatley em Seul)

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